Com mais um ano a acabar, ficou cumprido o objectivo deste blogue. A história de 1989 acaba aqui e já falta pouco para começar um novo ano e, na minha opinião, foram estes dois anos, 1988 e 1989, o arranque de tudo o que irá acontecer na década de 90. Ainda faltou falar de muitos discos como é exemplo o "On Fire" dos Galaxie 500, o "Hope and Despair", nome para a estreia do Edwin Collins, o "Technique" dos New Order, o "Love is Hell" dos Kichens of Distinction, o "Tweez" dos Slint, o "Candleland" do Ian McCulloch, o "Telepatic Surgery" dos Flaming Lips, entre muitos outros, mas penso ter abordado os mais importantes.
Com a popularidade ganha pelas redes sociais (Facebook), os blogues parece estarem a perder adeptos e procura, salvo aqueles que disponibilizam os downloads dessas rodelas tão apreciadas. Apesar de tudo, ainda vai existindo gente muito activa, como é o caso do Kraak, da Ms.Oaktree, do Paxxxeco, da African Queen e do trio Love no more (Luciano, Z@ngelos e Eduardo) a quem eu quero agradecer a persistência e desejar um bom ano, estendendo estes votos ao Puto, à Sakiko Wang, ao Eduardo, à Lau, ao André Leão, ao Roque Santeiro, ao Barbed Wire e ao incansável M.A..
Catherine Bush Nasceu em 30 de julho de 1958 em Bexleyheath (Kent), Inglaterra e é uma das vozes mais singulares da música pop britânica.
Em 1972, Ricky Hopper, um amigo, da família Bush, com conhecimentos no mundo musical, tentou apresentar "demos-tape" com composições de Kate a editoras, com intenção de publicar o seu trabalho mas foram recusadas. Mais tarde, tenta novamente apresentar o trabalho a um amigo da Universidade que andava à procura de novos talentos. Esse amigo era nada mais nada menos que David Gilmour dos Pink Floyd. Desta forma começa o percurso artístico de Kate Bush, que pela mão deste famoso guitarrista consegue um contracto discográfico com a EMI, em 1976. Encorajada pela sua editora, Kate continuou a estudar canto e dança, antes de decidir gravar, oficialmente, a sua primeira canção original, "Wuthering Heights", em janeiro de 1978. O sucesso foi imediato e, com apenas 19 anos, conquista o primeiro lugar do top britânico.
O álbum de estreia, "The Kick Inside", é lançado ainda durante 1978. Um ano mais tarde surge "Lionheart", o segundo conjunto de originais que, definitavamente, a confirmou como uma referência na cena pop britânica. Seguiu-se uma extensa digressão, onde a cantora revelou todos os seus dotes artísticos em palco. Em 1980 foi a vez de "Never For Ever" entrar directamente para a primeira posição da tabela britânica de álbuns, consolidando o estatuto de diva atribuído a Kate Bush e donde é retirado o single "Babooshka".
Dois anos depois foi a vez de "The Dreaming" marcar uma viragem no seu percurso e Kate optou então por emancipar-se e fundou o seu próprio estúdio. Foram necessários três anos até que surgisse um novo álbum. "Hounds Of Love" editado em 1985 alcançou o primeiro lugar do top inglês e marcou o regresso em grande da cantora às suas melhores performances. Deste álbum são retirados 3 singles, "Hounds of Love", "Cloudbusting" (acompanhado de um excelente vídeo contracenado por Kate e Donald Sutherland) e "Running Up That Hill" que se torna no seu maior sucesso.
Em 1987, um ano depois de se ter juntado a Peter Gabriel no dueto "Don't Give Up", Kate Bush viu, uma vez mais, o seu valor ser reconhecido, quando ganhou o Brit Award para a Melhor Voz Feminina, dois anos antes de editar este "The Sensual World", uma impressionante cornucópia musical no qual Kate experimentou várias formas sonoras com instrumentos e arranjos fora do comum. Este álbum alcançou a segunda posição das tabelas de álbuns da Inglaterra e atraiu a atenção da imprensa musical mais intelectual que a elege uma das artistas mais aventureiras e originais da sua era.
O sétimo álbum de originais, "The Red Shoes" que contou com a participação de Eric Clapton e Prince, foi editado em 1993 e materializou a conquista do top americano por parte da cantora inglesa, ao entrar pela primeira vez para o seu top 30. "Aerial", editado em 2005 em formato duplo, é o seu último legado.
Formados em 1974, em Nova York, os Ramones com 4 acordes, uma melodia simples e cativante, letras fáceis e vazias no conteúdo juntaram-lhe um ritmo consideravelmente acelerado e criaram algo que soou revolucionário, que ainda hoje nos faz dançar, tornando-se líderes do movimento punk rock nova-iorquino. Os Sex Pistols chegam depois trazendo a violência latente da música de forma mais explícita. Embora contenha um dos sucessos dos Ramones, "Pet Sematary" (escrita para o filme de Stephen King com o mesmo nome), este "Brain Drain" encontra a banda de Queens na sua fase menos inspirada.
É um disco maçador, constituido praticamente por três temas, um já referido, "I Believe in Miracles" o tema de abertura e "Merry Christmas (I Don't Want to Fight Tonight)" o tema de fecho. Sobre este disco há ainda 2 factos a referir, foi o último álbum dos Ramones gravado para a, editora de sempre, Sire Records, e também foi a última participação para o baixista Dee Dee Ramone. Aproveito o próximo vídeo para desejar um bom Natal a todos aqueles que por aqui passam.
Este é o terceiro álbum de estúdio dos The Jesus and Mary Chain que apresenta uma sonoridade mais áspera e mais agressiva do que o "Darklands", mas sem nenhuma alusão ao, único, "Psychocandy". O então desconhecido produtor, que agora é super famoso, Alan Moulder, fez um grande trabalho porque encontrou uma forma de misturar o som das guitarras sem estas soarem a comercial. Na altura o que restava da banda era apenas os irmãos Reid e tal como em "Darklands", a bateria era fornecida por máquinas sentindo-se ainda a falta do trabalho, distinto e individual, de Bobby Gillespie, embora nas prestações ao vivo, Richard Thomas (Dif Juz, Cocteau Twins, This Mortal Coil) substituísse as batidas sintetizadas. De igual forma, grande parte do baixo também foi criado através de sintetizadores e quando "Automatic" ficou pronto, a crítica não foi muito favorável, mas todos nós podemos descobrir o brilhante single que a ele irá estar sempre ligado.
"Head On" é mais um daqueles momentos únicos e muito especiais de criação, que mais tarde iria ter uma versão feita pelos Pixies. "Blues From a Gun" foi a escolha para o segundo single deste álbum, muito longe da minha que seria o "Between Planets" ou o "Halfway to Crazy".
Depois de editarem em 1988 o brilhante "Surfer Rosa", este "Doolittle" marca a primeira união com o produtor inglês Gil Norton, conhecido pelas produções de álbuns dos Triffids e das Throwing Muses.
Este é, sem dúvida, o álbum mais acessível dos Pixies e a sua história é simples porque a colecção de sons que dele fazem parte torna-o no mais eclético e ambicioso da carreira. Apesar deste trabalho ter um som mais limpo e mais suave do que álbuns anteriores, ainda consegue momentos estranhos e abrasivos através de temas como "There Goes My Gun", "Crackity Jones", "Gouge Away" e "Tame". O "Hey" conseguiu promover o lado lírico do compositor Black Francis através de uma balada romântica, capaz de incendiar uma pista de dança. Para promover o álbum, escolhi os temas mais pop, a canção "La La Love You" e o bem sucedido single, "Here Comes Your Man", uma daquelas canções que, na minha opinião, necessita de momentos raros de criação, razão suficiente para que este sucesso os imortalize.
Ainda foram retirados deste álbum mais dois singles, o "Monkey Gone to Heaven", uma mensagem ambientalista e mais tarde o "Debaser", tema inspirado no clássico, do surrealista Buñuel, "Un Chien Andalou". "Doolittle" é um conjunto de 15 músicas excelentes, que tornam fácil perceber porque é que este álbum transformou os Pixies em estrelas do rock.
Gravado em três sessões, entre Dezembro de 1988 e Janeiro de 1989, com um custo de cerca de 600 dólares, "Bleach", o álbum de estréia dos Nirvana, tornou-se um sucesso nas rádios universitárias americanas, devido às frequentes digressões da banda. Jason Everman já não fez parte da gravação deste disco, mas ajudou a promover o álbum, antes de deixar a banda, no final do ano, para fazer parte dos Soundgarden.
"Bleach" vendeu 35.000 exemplares e os Nirvana tornaram-se na banda favorita das rádios universitárias, da imprensa britânica, dos Sonic Youth, Mudhoney e Dinosaur Jr., razões suficientes para atrair a atenção das grandes editoras.
Foi o António Sérgio que me deu a conhecer os Nirvana e este disco, que chegou a desfilar na Lista Rebelde do mítico programa de rádio, "Som da Frente", um nome que foi utilizado durante muitos anos para catalogar um estilo músical.
Este ano, para comerar os 20 anos da edição deste disco, a Sub Pop fez uma reedição remasterizada pelo produtor original, Jack Endino, que inclui 12 músicas ao vivo do concerto realizado no Pine Street Theatre, em 1990 e um livro de 52 páginas com fotos inéditas da banda.
Pere Ubu é a banda do carismático David Thomas, formada em Agosto de 1975 em Cleveland, EUA e que ao longo da sua carreira já teve diversas formações. Por esta banda já passaram nomes como Mayo Thompson (líder dos Red Krayola), Anton Fier (líder dos Golden Palominos e baterista dos The Feelies), Tim Wright (DNA, Danse Society) e Eric Drew Feldman (Captain Beefheart, Frank Black, dEUS) entre outros. Apesar de serem bastante impopulares, são considerados banda de culto e influenciaram diversas gerações de músicos (Dead Kennedys, Birthday Party). O objectivo da banda era mostrar o lado caótico do mundo moderno e industrializado através de letras dementes, absurdas e de uma mistura de estilos musicais que passavam obrigatóriamente pelo experimentalismo, pelo jazz, pelo rock e pelo minimalismo.
Depois de seis álbuns de estúdio e um ao vivo em 1989 os Pere Ubu editaram este "Cloudland", o álbum mais pop da sua carreira, que teve a assinatura de Stephen Hague, um conhecido produtor de bandas electrónicas (Pet Shop Boys, Erasure, O.M.D., New Order). As canções que fazem parte deste disco incluíram melodias tradicionais e linhas de teclado melódicas, mas o estilo vocal de David Thomas continuou desenfreado. De "Cloudland" saíram dois singles, "Breath" e "Waiting for Mary" que teve direito a um vídeo, bastante divulgado pela MTV, fazendo com que esta música se tornasse na mais conhecida da banda.
Os Pere Ubu têm o hábito de organizar alfabéticamente, a ordem dos seus alinhamentos ao vivo, e foi assim que aconteceu no concerto de estreia em Portugal, ocorrido na Aula Magna, em Lisboa, dia 26 de Setembro de 2000, com a primeira parte a cargo dos portugueses Rollana Beat. Regressaram no dia 16 de Fevereiro de 2008, para um concerto único na Casa da Música, no Porto, englobado na programação do Clubbing, que contou com a prestação dos islandeses MUM na primeira parte.
Lewis Allen Reed, nasceu no dia 4 de Março de 1942 em Brooklyn, Nova York e falar sobre ele era escrever um livro, tais são os temas e a história que este músico tem para contar, por isso vou tentar ser o mais sucinto e directo possivel.
Embora Lou Reed tivesse mais êxito na sua carreira a solo, para mim, será como líder e principal compositor dos The Velvet Underground que ele vai ser mais recordado, devido à capacidade visionária desta banda, formada em 1964. Ainda hoje considero que os seus álbuns de estúdio são de escuta obrigatória. "Heroin", "Sweet Jane", "Venus in Furs", "All Tomorrows Party", "Lisa Says" são alguns dos clássicos que Lou Reed escreveu para a banda que ele partilhou com John Cale, Sterling Morrison, Maureen Tucker(que substituiu Angus MacLise), Doug Yule(que substituiu Cale, depois de ter sido despedido por Reed), a rejeitada Nico e porque não incluir o famoso produtor do primeiro trabalho, Andy Warhol.
A falta de sucesso comercial foi certamente um dos factores que fez Lou Reed abandonar os Velvet em Agosto de 1970 para começar a sua carreira a solo. Em 1971 lança o trabalho homónimo de estreia que não é mais do que um álbum de versões de músicas que ele escreveu para os Velvet. Algumas delas só seriam conhecidas na sua versão original, 25 anos depois. O segundo trabalho "Transformer", produzido por David Bowie e pelo guitarrista Mick Ronson,tornou-se num clássico da história da música, cheio de grandes canções como "Sattelite of Love", "Vicious", "Perfect Day" e "Walk on the Wild Side".
Deste compositor, capaz de uma melodia considerável e de uma irrepreensivel sensibilidade e introspecção, seguiram-se 13 álbuns de estúdio e 4 ao vivo para chegar a este "New York", a cidade que tantas vezes o inspirou. No coração belo e decadente da cidade de Nova York, Lou Reed, encontrou uma abundância de assuntos como, a SIDA, a prostituição, as drogas e a policia, as bebidas alcoolicas, as crianças, que ele aproveitou para criar as letras deste disco. O impacto devastador da SIDA é abordado em "Halloween Parade", o ciclo vicioso do abuso infantil, em "Endless Cycle" e a condição humana dos sem-abrigo, em "Xmas in February". É com algum humor que ele também aborda a sua própria vida, em "The Beginning of a Great Adventure" ele faz uma meditação divertida sobre as possibilidades de paternidade e "Dime Store Mystery" é uma comovente elegia sobre Andy Warhol. A promoção do disco foi feita através do "Romeu e Juliette" mas é principalmente "Dirty Blvd", canção que fala sobre o contraste entre os ricos e pobres da cidade de Nova York, que faz o álbum desfilar nos lugares cimeiros dos tops durante semanas.
Com a ajuda de Maureen Tucker nas percussões "New York" foi produzido de forma inteligente, é uma obra-prima do "rock & roll" e é um dos melhores álbuns da carreira a solo de Lou Reed.
Tom Petty nasceu e cresceu no norte da Flórida e começou a tocar música muito cedo. Com 17 anos, ele abandonou a escola para formar os Mudcrutch, com o guitarrista Mike Campbell e teclista Mezcla. Em 1970, mudam-se para Los Angeles com a esperança de encontrar um contrato de gravação, facto que nunca aconteceu porque as dificuldades acabaram com a banda. Petty não desiste e começa a tocar com diversas bandas até que em 1975 conhece os Heartbreakers e assina contrato com a Shelter Records em 1976.
Inicialmente, a estréia da banda foi ignorada nos Estados Unidos, mas depois de uma digressão em Inglaterra, com uma abertura para a tour de Nils Lofgren, e um desfile no seu Top 30, os singles "Breakdown" e "American Girl", com a ajuda das rádios, depressa entram no top 40 americano. O seu sucesso em Inglaterra foi tão grande que o seu primeiro álbum "Tom Petty & the Heartbreakers" foi incluído no movimento punk/new wave por alguns observadores da altura. Depois de ouvir o álbum noto que esta inclusão acaba por não fazer sentido. Os The Heartbreakers eram uma banda de apoio firme, musculado e versátil que forneceu o suporte adequado para as canções de Petty. Enquanto que a sua voz nasal pode recordar Bob Dylan, a escrita de Petty é directa, lembrando de forma simples e sem adornos de estilo, Neil Young. Ao longo da sua carreira, Tom Petty & the Heartbreakers nunca se afastaram do seu som.
Só em 1988 é que comecei a ouvir falar de Tom Petty, musico que ao longo da sua carreira se foi habituando ao sucesso e aos discos de Platina. Durante 1988, Petty tornou-se num membro do supergrupo The Traveling Wilburys, que também contava com Bob Dylan, George Harrison, Roy Orbison e Jeff Lynne. Os Wilburys lançaram o seu primeiro álbum no final de 1988 e o seu som tornou-se no modelo para a carreira a solo de Petty que é iniciada em 1989 com este "Full Moon Fever", que foi produzido pelo ex-lider dos Electric Light Orchestra, Jeff Lynne e com o apoio da maioria dos the Heartbreakers. "Full Moon Fever" tem um som limpo e está cheio de brilhantes harmonias vocais, teclados e guitarras e apesar destes vinte anos ainda o considero admirável e atraente porque não tem uma música fraca. Tornou-se no auge comercial de Petty, atingindo o número três nos Tops americanos, foi tripla platina e gerou sucessos como "I Won't Back Down", "Runnin'Down a Dream", "Free Fallin'" e o saudoso "A Face in the Crowd".
The The é o projecto a solo do cantor e compositor Matt Johnson, apoiado por um círculo rotativo de músicos. Johnson nasceu em 15 de Agosto de 1961, em Londres e formou a sua primeira banda quando tinha 11 anos. Com 18 anos trabalhava num estúdio de gravação como engenheiro assistente.
Em 1979, Johnson forma a primeira encarnação dos The The com Keith Laws nos sintetizadores. Fazem a abertura da digressão dos Scritti Politti e gravam o primeiro single, "Controversial Subject", pela 4AD, em 1980. Um ano depois, as obrigações contratuais com a editora 4AD, forçam Johnson a editar o LP "Burning Blue Soul" com o seu próprio nome.
Em 1983, agora sim como The The, grava pela Epic e com a produção de Zeke Manyika dos Orange Juice o single "This Is the Day", que ainda hoje é um dos seus maiores hinos e torna-se na peça central para a grande estréia dos The The com o trabalho de longa duração "Soul Mining", na minha opinião, um álbum obrigatório em qualquer discografia.
Devido a uma doença, Johnson só consegue regressar e com grande sucesso, em 1986 com "Infected", um comentário eclético sobre o estado da Inglaterra do mundo moderno. Gravado com o auxílio de talentos como Neneh Cherry, Anne Dudley dos Art of Noise e Roli Mosimann dos Swans, "Infected" foi também acompanhado por um vídeo-álbum, uma novidade na altura.
Em 1989 com a participação de Sinead O´Connor e a adição do guitarrista Johnny Marr (ex-Smiths), do baixista James Eller e do baterista Dave Palmer (ex-ABC), Johnson tenta o seu álbum mais ambicioso com este "Mind Bomb". Em vez do estilo dance-pop de "Infected", "Mind Bomb" apresenta uma música que tem no dance-rock a sua maior influência.
A mesma formação manteve-se no trabalho seguinte, "Dusk", de 1993 . Em 1995 com "Hanky Panky", Johnson foi acompanhado pelo guitarrista Eric Schermerhorn, O teclista D. C. Collard, Jim Fitting e o baterista Brian MacLeod. "NakedSelf" foi o trabalho que se seguiu no início do ano 2000.
O sucesso de "Mind Bomb", originou a primeira digressão mundial da banda que curiosamente foi iniciada no Coliseu dos Recreios de Lisboa, passando pelo Pavilhão das Antas no dia seguinte. Foi em 1989 e as datas alguém sabe?
Formados em 1986 na cidade de Londres, os A.R. Kane eram essencialmente uma feliz parceria entre Alex Ayuli e Rudi Tambala. Muitas vezes surrealistas e de um modo geral muito dançaveis devido à sua forte influência dub,a música da banda é vista como uma influência seminal em géneros como a dream pop (termo inventado por eles para descreverem a sua música), trip hop, acid house e pós-rock. As suas letras abordam frequentemente temas como a água, os oceanos, o amor, as cores, a infância e os sonhos. Foram apelidados pela imprensa britânica como os "The Black Jesus and Mary Chain" depois de editarem o primeiro single "When You're Sad," pela One Little Indian. Em 1987 mudam-se para a 4AD e com a assinatura de Robin Guthrie gravaram o Ep "Lollita". Ainda em 1987 o patrão da 4AD, Ivo Watts sugeriu uma reunião entre os A.R.Kane, os Colourbox e os DJs "C.J." Mackintosh e Dave Dorrell, para gravarem uma fusão única de ritmos e batidas de gravações de soul clássico com electrónica. Esta colaboração teve o nome de M/A/R/R/S e o trabalho realizado foi um sucesso chamado "Pump Up The Volume", que anuncia uma absorção gradual do Rap e do Hip Hop na música de dança.
Em 1988 trocam a 4AD pela Rough Trade para começarem a trabalhar no aguardado álbum de estreia, "69", que cumpriu todas as expectativas criadas em torno dele. Melhor que as minhas palavras, aqui vai uma música deste álbum que possivelmente tornou-se numa influência para nomes importantes como Tricky, Tv on the Radio e Kele Okereke dos Bloc Party.
Em 1989 lançaram este "i", um álbum que mais parece uma bola de cristal porque profetiza praticamente todos os grandes desenvolvimentos musicais da década de 90. O Techno, o Dub, o Drone-pop, o Shoegaze estão presentes neste disco que indicou caminhos tomados por inumeras bandas. "i" é um LP duplo organizado em 4 partes contendo 4 faixas cada uma, divididas por uma série de interlúdios. Largamente ignorado aquando do seu lançamento original, "i" ainda é uma obra-prima subvalorizada.
Apanhados pelo colapso da Rough Trade, só três anos mais tarde é que lançam uma compilação, "Americana", pela Luaka Bop. Em 1994 despedem-se com "New Clear Child".
Este ano faço, mais uma vez, questão de associar o mês de Agosto à maioria. Em 1989 S.Pedro de Moel e Quarteira foram o destino escolhido para os 30 dias de férias seguidos, coisa impossível no presente. Ainda hoje me interrogo como é que conseguia passar tanto tempo fora de casa e com muito menos dinheiro daquele que hoje gasto. Com os votos de umas boas férias, em 1989 estas foram as grandes malhas em tudo que era rádio e "sítio" da moda:
Os De La Soul foram uma banda norte-americana de hip-hop, formada em 1987 em Long Island, Nova York, que em 1989 com o inovador uso de samples, editaram o álbum de estréia, "3 Feet High and Rising", que foi classificado como a obra-prima e obrigatória do hip-hop.
Tone Lōc é um actor e rapper norte-americano, várias vezes nomeado para os Grammy, que ficou muito conhecido devido à sua voz grave utilizada no álbum "Loc-ed After Dark" donde foram retirados os singles "Wild Thing" e "Funky Cold Medina".
Neneh Cherry nasceu dia 10 de Março de 1964 em Estocolmo, Suécia, é filha da Pintora sueca Moki Cherry, irmã de Eagle Eye Cherry e enteada do trompetista de jazz, Don Cherry. Em Junho de 1989 editou o álbum de estreia "Raw Like Sushi", trabalho onde mistura hip-hop com pop, rap e outras influências.
Soul II Soul é uma banda inglesa de Londres que em 1989 lançaram "Club Classics vol.one", um álbum histórico onde a Soul e a R&B criaram êxitos tão conhecidos como é o caso deste "Back to Life".
Lisa Stansfield, começou a sua carreira com os Coldcut e o sucesso "People Hold On". O disco de estreia, “Affection”, vendeu 4,5 milhões de cópias. Um dos motivos foi a música “All Around the World”, que em 1989 desfilou em todos os tops internacionais e lhe garantiu alguns prémios, como o de a melhor canção e o de melhor artista revelação, entre eles, o Brit Award.
Fine Young Cannibals são uma banda britânica fomada em Birmingham em 1984. Em 1989 através do álbum "The Raw and the Cooked" ficam conhecidos com os sucessos "Good Thing" e "She Drives Me Crazy" .
Depois de lançarem em 1987 o duplo álbum "Kiss me, Kiss me, Kiss me", 1988 foi o ano em que Robert Smith teve de mostrar a todos, toda a sua força interior. Apesar de ter sido um ano de alegrias, como foi exemplo o seu casamento com Mary Poole, depois de 14 anos de namoro, Robert teve que ultrapassar a angústia provocada por um incêndio na sua casa, onde perdeu todos os seus pertences, excepto as letras das suas músicas. No fundo, as letras eram a coisa com que ele mais se importava e os seus amigos não economizaram forças para resgatá-los do meio do fogo. Como se esta situação não fosse suficiente, Lol Tolhurst continuava a mostrar desleixo com a banda, aparecendo nos ensaios apenas para receber cheques. Robert cansa-se desta atitude, muito pouco profissional, e acaba por demitir Lol da banda, acabando com uma amizade de muitos anos.
Em 1989, os Cure conseguem atingir o pico da sua popularidade com este sedutor "Disintegration", considerado pela maioria dos fans, o melhor álbum da banda. É um disco hipnótico, fascinante, composto quase inteiramente por atractivos e bem construídos épicos como o refrescante "Pictures of You", a encantadora "Love Song", o latejante "Fascination Street" e o misterioso "Lullaby". "Disintegration" é o culminar de todas as direcções musicais a que os Cure se dedicaram durante a década de 80 e foi, na altura, o disco que iria provocar o fim da banda, segundo boatos que iam sendo lançados e consolidados após Robert Smith ter dito "I’ll never see you again" no final de um concerto em Mansfield, EUA.
Este é o Lp de estreia dos The Stone Roses que, anos após a sua edição, foi eleito por uma larga maioria da imprensa britânica como o melhor álbum inglês de todos os tempos. Eles próprios também foram considerados a melhor banda nascida na terra da rainha, tendo sido nomeados os lideres da cena "Madchester", o fenómeno que fundiu as guitarras pop com o delírio fornecido pelas drogas, raves e a cultura da dança. As repercussões deste trabalho histórico podem ser ouvidas em toda a década de 90, através do movimento "brit pop", como é exemplo confesso dos seus principais intervenientes, Oasis e Blur.
Eu, não vou tão longe, mas confesso que também me rendi a esta colecção de hinos, que considero a numero um de 1989. Sem dúvida que a figura e a voz de Ian Brown foi muito importante, como mais tarde ele acaba por atestar através da sua carreira a solo, mas a verdadeira chave do sucesso dos Stone Roses são as simples e atractivas guitarradas de John Squire exemplarmente acompanhadas pela secção rítmica de Reni e Mani que, de uma forma natural, enchem todas as músicas com ritmos de dança.
Os singles retirados deste álbum, lançado em Março de 1989, "Made of Stone" e "She Bangs the Drums" acabaram por entrar em todos os Tops, mas a canção que escolhi para divulgar este álbum, que em 1991 foi finalmente editada como single, foi o "I Wanna Be Adored". Julgo que (no Porto e arredores) será a música que mais paixões desperta e é provavelmente a letra que mais descreve os Stone Roses e, principalmente, Ian Brown.
Seguiu-se uma história de 7 anos bastante atribulados. Em 11 de Agosto de 1996, Portugal, já sem Reni(substituído por Robbie Maddix) e John Squire(substituído por Aziz Ibrahim), teve a oportunidade de assistir, no relançado "Festival Vilar de Mouros", a uma desastrosa prestação que foi repetida noutros festivais europeus, levando ao abandono de Mani (que juntou-se aos Primal Scream) e também ao final oficial da banda, em Outubro de 1996.
No próximo dia 10 de Agosto está prevista uma nova edição especial deste álbum que marca o seu vigésimo aniversário de lançamento.
Editado em Novembro de 1989, arriscava a dizer que só em 1990 é que Portugal teve um contacto directo com este maxi-single, pós-debute álbum dos Stone Roses que a maioria dos seguidores do, na altura, chamado "som da frente" teve dificuldade em classificar.
Orientado para a dança, é , sem dúvida, um dos temas mais fortes e mais representativo do movimento "Madchester", mas levanta algumas questões:
Este tema é da mesma banda, ou seja dos Stone Roses? Vamos colocar este disco onde? Na secção Indie? Ou na secção Dança/Novas Tendências?
Os Depeche Mode, precursores do synth pop, foram formados em 1980 em Basildon, Essex, Inglaterra, por Dave Gahan (vocalista), Martin L. Gore (teclista, guitarrista, voz), Andrew Fletcher (teclista) e Vince Clarke (teclista e principal compositor) que abandona a banda logo após o lançamento do álbum de estréia "Speak and Spell" em 1981, por não se rever no tipo de sucesso que a banda estava a alcançar, para formar os Yazoo, sendo substituído por Alan Wilder entre 1983 e 1995. Após a saída de Wilder, os Depeche Mode continuaram a sua carreira como um trio.
Em 1987, é lançado "Music for the Masses", o sexto trabalho de originais que lhes asseguraria definitivamente uma posição de destaque nos EUA, originando algumas das músicas mais emblemáticas dos Depeche Mode e dos anos 80. Canções como "Never let me down Again", "Behind the Wheel" e "Strangelove" tiveram uma ampla divulgação nas rádios de todo o mundo e o sucesso do álbum reflectiu-se numa estrondosa digressão mundial imortalizada num documentário assinado por D.A. Pennebaker e neste duplo álbum "101".
Apesar de não ser grande adepto das edições ao vivo, reconheço neste álbum um marco em termos de produções discográficas deste género. O centésimo primeiro (101) concerto da digressão mundial do "Music for the Masses", realizado no Rose Bowl de Los Angeles, tornou-se lendário por ter ultrapassado todos os recordes de assistência até então estabelecidos por apenas uma banda. Apesar do numero oficial ser de 60.453 outras fontes revelam um, muito diferente e impressionante, que rondou as 80.000 pessoas. Se havia dúvidas os Depeche Mode tiraram, mostrando serem uma banda perfeitamente capaz de transportar a sua música do estúdio para o palco como nenhuma outra, tornando-se numa grande influência para diversas bandas de Pop e Rock actuais.
Os Depeche Mode visitaram Portugal pela primeira vez, há precisamente 16 anos, no dia 10 Julho do ano de 1993, sem uma certeza absoluta penso que a primeira parte, no Estádio das Antas e na outra data no Estádio de Alvalade, foi feita pelo projecto inglês Babylon Zoo. Regressaram com a "Touring the Angel", dia 8 de Fevereiro de 2006, ao esgotadissimo Pavilhão Atlântico, com os Bravery a assegurarem a primeira parte. Depois de cancelarem a terceira visita que ia acontecer no Estádio José Alvalade, dia 28 de Julho de 2006, os Depeche mode voltaram a cancelar um concerto único, que ia acontecer amanhâ,no Parque da Cidade do Porto ("Festival Super Bock Super Rock"), devido a uma lesão no músculo de uma perna de Dave Gahan. Este concerto ia servir de apresentação do, novo álbum editado este ano, "Sounds of the Universe".
Este foi o álbum que mais dividiu os fãs dos Love and Rockets na altura. A música "So Alive" (uma homenagem a T. Rex) foi um grande sucesso e a capacidade de escrita, tanto de Daniel Ash como de David J, resultaram numa colecção das melhores canções das suas carreiras.
David J aplica nas suas músicas, todas as influências do Rock´n´roll e dos Blues, já Daniel Ash, devido ao "No Big Deal" e especialmente, "Motorcycle", nota-se que andou a ouvir discos dos Jesus & Mary Chain, mas o seu maravilhoso ronrom vocal marca-o, assim como as suas próprias canções.
Formados em 1976 na cidade norte-americana de Athens, donde são também naturais os R.E.M., os amigos Kate Pierson, Cindy Wilson, Fred Shneider, Ricky Wilson (irmão mais velho de Cindy) e Keith Strickland, durante um, embriagado, jantar num restaurante chinês da cidade, decidiram formar os B-52´s, nome de um avião da Segunda Guerra Mundial mas é principalmente um nome utilizado pela gíria do sul do Estados Unidos para designar as perucas altas e extravagantes usadas por Kate e Cindy.
Com pouca experiência musical, a estreia da banda foi feita numa festa em casa de um amigo para comemorar o dia dos namorados de 1977. O primeiro trabalho, feito de forma independente, foi o single “Rock Lobster”, que ainda hoje é o grande clássico da banda. Em 1979 rumam a Nova York e depois de um bem sucedido concerto no lendário club CBGB (onde tocaram os Talking Heads, Patti Smith, Television, Blondie, Modern Lovers, etc…), ganham a atenção da imprensa e um contrato com a editora Warner.
Os dois primeiros LPs, "The B-52’s" (1979) e "Wild Planet" (1980) produziram diversos sucessos como a nova versão de "Rock Lobster", "52 Girls.", "Private Idaho", "Give Me Back My Man" e "Strobe Light", que os colocam à frente do movimento "New Wave" da época. Aproveitando o facto de serem bastante populares nas festas de garagem em 1981 lançaram o Ep "Party Mix!", que trazia seis temas, dos dois primeiros albuns, mixados. Com a assinatura de David Byrne em 1982 gravam o Ep "Mesopotamia", que apesar dos elogios por parte da crítica e apesar de ser o melhor disco em termos técnicos torna-se num fracasso comercial devido à abordagem de temas mais sérios, diluindo toda a vertente humorística da banda, situação rectificada, no ano seguinte, com o álbum "Whammy!" e o single "Legal Tender". Depois de um LP a solo de Schneider, "Fred Schneider & the Shake Society" (1984), a banda voltou ao estúdio para gravar "Bouncing Off the Satellites"(1986) . No dia 12 de Outubro de 1985, ocorre uma tragédia no grupo com a morte de Ricky Wilson, o principal compositor e autor das letras. Embora originalmente a sua morte fosse atribuída a causas naturais, foi depois revelado que ele tinha sido vitíma de SIDA. Com a sua morte, foi impossível promover o novo álbum e foi quase o final da banda.
Em 1989 e passados três anos, os B-52´s ressuscitam com o seu maior sucesso comercial até hoje, este "Cosmic Thing" produzido pela dupla Don Was e pelo ex-Chic e parceiro de David Bowie, Nile Rodgers. Com dois novos sucessos "Roam" e "Love Shack" e uma venda de mais de cinco milhões de cópias deste disco, eles voltaram a ser o foco das atenções, e aparentemente a alegria tinha voltado à banda, refeita da perda do ex-líder.
Cindy Wilson abandona a banda alegando exaustão física e emocional e queria também aproveitar o tempo para se dedicar à filha recém nascida. Com a saída de Cindy começou um outro período de hibernação que Kate Pierson aproveita para participar noutros projectos. Em 1990 participa no "Brick by Brick" de Iggy Pop e com ele faz um dueto inesquecível chamado "Candy", no ano seguinte faz o mesmo com os seus colegas de Athens, R.E.M e empresta a voz, carisma e alegria ao tema "Shiny Happy People", um dos dois sucessos do álbum "Out of Time".
Em 1992, o trio (Fred, Keith e Kate) lança "Good Stuff". Neste disco a banda mudou um pouco o conteúdo das letras e começa a abordar temas como a SIDA, meio ambiente e a defesa dos direitos dos animais. Era a primeira vez que os B-52’s levantavam de forma explicita bandeiras políticas. O regresso aos Tops chegou com a versão para a canção tema do filme "Os Flinstones", em 1993. Com o regresso de Cindy, em 1998 editam a colectânea "Time Capsule" que incluía 2 músicas inéditas. O ano de 2008 marca o reencontro com os B-52´s que pela editora Astralwerks e a produção de Steve Osborne lançaram "Funplex", um novo álbum passados 16 anos.
The Lightning Seeds foi essencialmente o projecto a solo do notável produtor Ian Broudie, que nasceu a 4 de Agosto de 1958 em Liverpol, Inglaterra. A carreira de Broudie começa com os Big in Japan, uma importante banda de Liverpol que deu origem aos Echo & the Bunnymen, The Teardrop Explodes e Icicle Works. Depois do final dos Big in Japan em 1979, Broudie formou os Original Mirrors com o conhecido Holly Johnson (Frankie Goes to Hollywood), que, depois de 2 albuns editados, não tiveram qualquer tipo de sucesso comercial. Em 1981 Broundie torna-se produtor dos primeiros trabalhos dos Echo & the Bunnymen ("Crocodiles" e "Heaven Up Here") e dos The Fall ("Wah!" e "Frazier Chorus"). Em 1982, com Paul Simpson, forma os Care e lançam uma série de singles brilhantes, que vão abrindo caminho para o seu projecto a solo iniciado em 1989 com um sucesso internacional, o single "Pure".
No mesmo ano é lançado o seu primeiro LP, este bem sucedido "Cloudcuckooland". Entretanto, apesar do êxito deste trabalho, Broudie voltou novamente à produção de álbuns de bandas como os Primitives, Sleeper, Alison Moyet e The Frank & Walters. Em 1992, Broudie regressa com "Sense" e partilha este trabalho com Simon Rogers (The Fall). Em 1994 lança "Jollification" e cria uma banda para o acompanhar numa digressão. Dois anos depois edita "Dizzy Heights" e em 1999 o seu último registo "Tilt".
Para aqueles que não conhecem a música de Bill Pritchard, ela é proeminentemente baseada num piano e guitarra acústica. O seu trabalho variou ao longo do tempo e foi-se movendo gradualmente em direção a um som mais Pop. A sua voz seca e a narração de histórias introspectivas contribuiram para lhe serem feitas comparações a Morrissey, Lloyd Cole e Robert Forster. Embora ele tivesse nascido em Lichfield, Inglaterra, Bill Pritchard é bem mais conhecido fora da sua pátria, onde foi acumulando uma legião de fãs em países como o Japão, Itália, Holanda, Bélgica e França.
Os dois primeiros trabalhos de Pritchard, "Bill Pritchard" e "Half a Million" provocaram o interesse da editora Play It Again Sam (Pias) que em 1989 lançou o seu terceiro álbum, este "Three Months, Three Weeks & Two Days", que foi um fracasso em Inglaterra, mas vendeu bem noutros países europeus. Foi produzido pelo francês Etienne Daho e tornou-se no álbum que cimentou a sua popularidade europeia, ao ponto do cantor/autor de canções britânico se ter mudado para Paris. Este álbum é uma jóia subestimada, sendo basicamente acústico e constituído por canções Pop com versos líricos encantadores, bonitas melodias, e coros memoráveis. O álbum teve também grande destaque nas rádios universitárias americanas e o vídeo do single "Tommy and Co", que conta com a participação de Françoise Hardy, nos coros, foi até apresentado no programa 120 Minutos da MTV.
Em 1991, Ian Broudie dos Lightening Seeds produziu "Jolie" o quarto álbum de Pritchard, que foi um fenómeno de popularidade no Japão e no Canadá, atraindo as atenções da editora Polygram/Island com quem assina contrato. Contudo, os problemas com a etiqueta acabaram praticamente com a sua carreira. Em 1995, Bill Pritchard formou os Beatitude com o guitarista Tim Bradshaw, o baixista Tuppy Rutter, e o baterista Paul Barlow e gravaram um single, "Baby in Brylcreem". Em 1998 lançou "Happiness and Other Crimes" e desapareceu completamente o que me leva a perguntar, Alguém viu Bill Pritchard?
David McComb foi o vocalista e líder dos australianos Triffids. Cantava com um fervor idêntico ao seu amigo e compatriota Nick Cave e escrevia letras com a mesma poesia utilizada por Leonard Cohen, mas nenhuma destas qualidades o recompensou com qualquer tipo de êxito comercial. Nasceu no dia 17 de Fevereiro de 1962, em Perth, Austrália, filho de um cirurgião plástico e de uma geneticista. A sua carreira começa, em 1976, com a banda Dalsy que passado algum tempo mudaria o nome para The Triffids. Em 1980, foi lançado o primeiro single dos Triffids, "Stand Up". No ano seguinte rumam a Sidney, Austrália, para lançarem, em 1983, o seu álbum de estreia "Treeless Plain". McComb editou mais cinco LPs com os Triffids, sendo cada um deles aclamado pela crítica musical mas nenhum deles os conduziu ao estrelato, razão que os levariam a terminar este projecto em 1989. David McComb prossegue a sua carreira com os Blackeyed Susans. Em 1991 participa no tributo a Leonard Cohen, "I´m Your Fan" onde explora o tema "Don't Go Home With Your Hard-on" de forma brilhante. Em 1994 é lançado o seu primeiro trabalho a solo "Love Of Will". Numa viagem a Nova York, McComb fica gravemente doente, facto que o faz regressar rapidamente à Austrália onde foi posteriormente colocado numa lista de espera de transplantes de coração. Um doador foi descoberto em 1995 e McComb fez o transplante com grande sucesso. No dia 30 de Janeiro de 1999, depois de um acidente de automóvel, David McComb foi hospitalizado onde viria a falecer, dia 2 de Fevereiro de 1999. Para o recordar escolhi o tema "Bury me deep in love" que ouvi vezes sem conta no "Som da Frente" do António Sérgio.
Discos Twenty Years - The Triffids "The Black Swan"
O trio australiano Triffids foi formado em Perth, em 1980, por David McComb (voz), pelo seu irmão Robert (guitarra e violino) e por Alsy MacDonald (bateria). Durante os seus primeiros anos, vários membros passaram pela formação dos Triffids. Depois da entrada de Martyn Casey (baixo) e Jill Birt (teclas, voz), a banda editou o seu primeiro álbum, em 1983, "Treeless Plain" seguido, um ano depois, pelo EP "Raining Pleasure". Com o guitarrista Evil Graham Lee gravam, em 1986, "Born Sandy Devotional" e "In the Pines". Em 1987 a banda assina contrato com a Island Records e edita a sua obra-prima "Calenture", já com Adam Peters, o novo guitarista. Em 1989 é editado este "The Black Swan" que, antes de mais nada, oferece um vislumbre fascinante das várias direcções que os Triffids poderiam ter tomado. Neste álbum a banda troca as grandes orquestrações utilizadas no "Calenture" por um som mais directo, mais afiado, fazendo um maior uso da tecnologia digital do final dos anos 80. Infelizmente, as expectativas comerciais do produtor Stephen Street , não foram cumpridas e perante este cenário a banda termina sendo ainda lançado o álbum ao vivo "Stockholm" no ano seguinte.
Sobre os Triffids tenho uma história para contar pois foi graças a eles que fui oficialmente roubado pela primeira vez. Estavamos no ano de 1987 e depois do mítico festival de Vilar de Mouros de 1982, que juntou em palco nomes importantes como Echo & the Bunnymen, The Stranglers, The Gist e os U2, Portugal ia ter um festival de música com a duração de 3 dias. O nome do festival era "Artlantico" e o local escolhido era a Costa da Caparica. A organização agradecia aos espectadores que dançassem nas dunas toda a noite. Já não me recordo dos nomes de todas as bandas que iriam fazer parte do cartaz deste festival, mas sei o nome das três bandas que me levaram a investir todas as minhas míseras poupanças neste evento. Eram elas Billy Brag, Pogues e os Triffids.
A compra antecipada dos bilhetes para três dias custou-me 2.950$oo. Em finais de Agosto eu, o Rui Jorge e o Fernando Paulo colocamos a mochila às costas e lá fomos para a Costa. Quando lá chegamos soubemos que a organização tinha transferido o local para os jardins em frente à Torre de Belém. Chegados a Belém reparamos que existia uma grande azáfama no sentido de desmontar o palco e os gradeamentos que limitavam o espaço do festival e depressa a palavra ia-se espalhando, o festival tinha sido cancelado porque a organização tinha fugido com o dinheiro. Nunca mais soube nada sobre este assunto, nem o nome dos responsáveis que ficaram com os meus três contos. Os Triffids que iam tocar no primeiro dia, já estavam em Lisboa e como não lhes foi feito qualquer pagamento, diz a história que foi publicada no "Blitz", que eles tiveram que fugir pelas trazeiras do Hotel onde estavam instalados e parece que acabaram por fazer um concerto no "Rock Rendez Vous" para conseguir dinheiro para pagar as viagens de regresso a casa. A desilusão foi transformada em três dias de praia e aventuras bem dispostas. Presenciar um festival teve uma espera de quase 10 anos com o Vilar de Mouros 1996.
1989, para mim, não foi um ano tão brilhante como o de 1988, mas foi, sem dúvida, a confirmação e afirmação de muitos dos protagonistas de 1988 e da década de 80.
Os primeiros dez meses deste ano passei-os na cidade de Vila Real, local que me deixou boas recordações.As viagens de comboio (o "Texas") entre a Régua e Vila Real foi uma das experiências visuais que guardo na minha memória para além de outras como a Pousada de São Gonçalo, os banhos no rio Corgo, os Favaios antes do almoço e jantar, os encontros no Pioledo e a vida nocturna que devido à sua recém criada "Universidade de Tráz-os-Montes e Alto Douro" tinha muito por onde escolher, desde o bar "Barum Barero", à discoteca "Favorita" passando sempre pela discoteca "Ritmin´" e no fim-de-semana abria a discoteca "Minister" do Hotel Mira Corgo.
Em Dezembro de 1989 assumi o leme da mítica discoteca de Leça da Palmeira, "o Batô", a discoteca mais antiga do país, aberta desde 1971 e que pelas suas características é um local de visita obrigatória.
A temática para este ano vai ser a mesma do passado ano mas por falta de tempo vou-me centrar essencialmente no meu Top Ten de 1989 e em alguns discos que neste ano de 2009 fazem 20 anos. Para quem quiser usufruir, vai encontrar sempre as surpresas que deixo na capa dos discos e a minha lista de sugestões para 2009.
Segundo o meu "livrinho" o meu "Top Ten 1989", por ordem alfabética, é o seguinte:
Bill Pritchard - "Three Months, Three Weeks and Two Days" Depeche Mode - "101" Lou Reed - "New York" Pixies - "Doolittle" The B-52´s - "Cosmic Thing" The Cure - "Desintegration" The Jesus and Mary Chain - "Automatic" The Stone Roses - "Fools Gold" The Stone Roses - "The Stone Roses" Tom Petty - "Full Moon Fever"
O ano de 1989 foi fértil em estreias, mas a minha escolha para a banda revelação recai nos The Lightning Seeds - "Cloudcuckooland".
Sejam bem-vindos, portanto, ao ano de 1989, o ano da queda do muro de berlim, do colapso do comunismo da Europa de leste, do massacre de estudantes chineses na praça de Tiananmen e o ano em que soubemos que Neptuno também tem anéis...