segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

HOMENAGEM: David McComb

David McComb foi o vocalista e líder dos australianos Triffids. Cantava com um fervor idêntico ao seu amigo e compatriota Nick Cave e escrevia letras com a mesma poesia utilizada por Leonard Cohen, mas nenhuma destas qualidades o recompensou com qualquer tipo de êxito comercial.
Nasceu no dia 17 de Fevereiro de 1962, em Perth, Austrália, filho de um cirurgião plástico e de uma geneticista. A sua carreira começa, em 1976, com a banda Dalsy que passado algum tempo mudaria o nome para The Triffids. Em 1980, foi lançado o primeiro single dos Triffids, "Stand Up". No ano seguinte rumam a Sidney, Austrália, para lançarem, em 1983, o seu álbum de estreia "Treeless Plain". McComb editou mais cinco LPs com os Triffids, sendo cada um deles aclamado pela crítica musical mas nenhum deles os conduziu ao estrelato, razão que os levariam a terminar este projecto em 1989.
David McComb prossegue a sua carreira com os Blackeyed Susans. Em 1991 participa no tributo a Leonard Cohen, "I´m Your Fan" onde explora o tema "Don't Go Home With Your Hard-on" de forma brilhante. Em 1994 é lançado o seu primeiro trabalho a solo "Love Of Will".
Numa viagem a Nova York, McComb fica gravemente doente, facto que o faz regressar rapidamente à Austrália onde foi posteriormente colocado numa lista de espera de transplantes de coração. Um doador foi descoberto em 1995 e McComb fez o transplante com grande sucesso. No dia 30 de Janeiro de 1999, depois de um acidente de automóvel, David McComb foi hospitalizado onde viria a falecer, dia 2 de Fevereiro de 1999. Para o recordar escolhi o tema "Bury me deep in love" que ouvi vezes sem conta no "Som da Frente" do António Sérgio.



Discos Twenty Years - The Triffids "The Black Swan"



O trio australiano Triffids foi formado em Perth, em 1980, por David McComb (voz), pelo seu irmão Robert (guitarra e violino) e por Alsy MacDonald (bateria).
Durante os seus primeiros anos, vários membros passaram pela formação dos Triffids. Depois da entrada de Martyn Casey (baixo) e Jill Birt (teclas, voz), a banda editou o seu primeiro álbum, em 1983, "Treeless Plain" seguido, um ano depois, pelo EP "Raining Pleasure". Com o guitarrista Evil Graham Lee gravam, em 1986, "Born Sandy Devotional" e "In the Pines".
Em 1987 a banda assina contrato com a Island Records e edita a sua obra-prima "Calenture", já com Adam Peters, o novo guitarista.
Em 1989 é editado este "The Black Swan" que, antes de mais nada, oferece um vislumbre fascinante das várias direcções que os Triffids poderiam ter tomado. Neste álbum a banda troca as grandes orquestrações utilizadas no "Calenture" por um som mais directo, mais afiado, fazendo um maior uso da tecnologia digital do final dos anos 80. Infelizmente, as expectativas comerciais do produtor Stephen Street , não foram cumpridas e perante este cenário a banda termina sendo ainda lançado o álbum ao vivo "Stockholm" no ano seguinte.



Sobre os Triffids tenho uma história para contar pois foi graças a eles que fui oficialmente roubado pela primeira vez.
Estavamos no ano de 1987 e depois do mítico festival de Vilar de Mouros de 1982, que juntou em palco nomes importantes como Echo & the Bunnymen, The Stranglers, The Gist e os U2, Portugal ia ter um festival de música com a duração de 3 dias. O nome do festival era "Artlantico" e o local escolhido era a Costa da Caparica. A organização agradecia aos espectadores que dançassem nas dunas toda a noite. Já não me recordo dos nomes de todas as bandas que iriam fazer parte do cartaz deste festival, mas sei o nome das três bandas que me levaram a investir todas as minhas míseras poupanças neste evento. Eram elas Billy Brag, Pogues e os Triffids.

A compra antecipada dos bilhetes para três dias custou-me 2.950$oo. Em finais de Agosto eu, o Rui Jorge e o Fernando Paulo colocamos a mochila às costas e lá fomos para a Costa. Quando lá chegamos soubemos que a organização tinha transferido o local para os jardins em frente à Torre de Belém. Chegados a Belém reparamos que existia uma grande azáfama no sentido de desmontar o palco e os gradeamentos que limitavam o espaço do festival e depressa a palavra ia-se espalhando, o festival tinha sido cancelado porque a organização tinha fugido com o dinheiro. Nunca mais soube nada sobre este assunto, nem o nome dos responsáveis que ficaram com os meus três contos. Os Triffids que iam tocar no primeiro dia, já estavam em Lisboa e como não lhes foi feito qualquer pagamento, diz a história que foi publicada no "Blitz", que eles tiveram que fugir pelas trazeiras do Hotel onde estavam instalados e parece que acabaram por fazer um concerto no "Rock Rendez Vous" para conseguir dinheiro para pagar as viagens de regresso a casa. A desilusão foi transformada em três dias de praia e aventuras bem dispostas. Presenciar um festival teve uma espera de quase 10 anos com o Vilar de Mouros 1996.

7 comentários:

Joe disse...

Coisas do caraças: há tanto tempo me passeio na blogosfera e ainda não tinha tropeçado neste teu tasco.
Lembro-me bem desse festival. Ainda tentei convencer um amigo a ir, mas felizmente ele teve o bom senso de me mandar passear. Estranhamente não tenho nenhuma ideia de os Pogues estarem no cartaz, lembro-me sim dos Guadalcanal Diary e (salvo erro) dos Working Week. A 2ª divisão da pop na sua máxima força...

Um abraço de um cliente e amigo. Um dia desses passo por aí e verás quem é ;)

aBell Montenegro disse...

Olá Joe.
O mundo da blogosfera tem destas coisas, a maioria opta por um nome irreconhecível. Modernices :).
Ainda bem que participaste porque agora me fizeste lembrar de mais dois nomes do cartaz, que o iriam tornar num grande festival. À boa maneira portuguesa, este desfalque acabou por caír no esquecimento e aos culpados nada devia ter acontecido.
Um abraço e até breve.

André Leão disse...

Mais uma grande banda...Excelente trabalho! :)

eduardo disse...

Um dia destes eu e o Joe mais o Ricardo Salazar podiamos tentar animar as hostes no Mercedes com o nosso projecto das "covers" Undercover Dj's, alinhas?

Rock on!

M.A. disse...

Logo no começo da vida do meu tasco, iniciei uma rubrica de tributos (com o Adrian Borland) que, por preguiça, não teve continuidade. Tenho de a reactivar, não só para a justa homenagem ao David McComb, como a tantos outros "anjos caídos".

aBell Montenegro disse...

André Leão,
Obrigado pelo elogio. Mudas-te o teu nome? É daquelas coisas que eu nunca Faria :)

Eduardo,
Claro que alinho. Temos de conversar.

M.A.,
Acho que fazes muito bem. A tua escrita é sempre uma mais-valia para que personagens como esta não caiam no esquecimento.

André Leão disse...

eheh, mudei... Como voltei para Lisboa, por razões profissionais, voltei a utilizar o último nome (aquele pelo qual sou conhecudo por aqui)... :)