segunda-feira, 28 de julho de 2008

Discos Twenty Years: The Jesus and Mary Chain "Barbed Wire Kisses"



Fundados em 1984, os The Jesus and Mary Chain são os irmãos William e Jim Reid, que nasceram em Glasgow na Escócia e passaram a sua juventude a ouvir Velvet Underground, Stooges, Ronettes, Beach Boys e Sex Pistols.
Depois de saír dos The Wake, foi Bobby Gillespie (que substituiu o primeiro baterista , Murray Dalglish) quem mostrou uma demo-tape da banda ao empresário Alan McGee, fundador da Creation Records (uma das mais influentes editoras do Reino Unido). O entusiasmo de Alan McGee pela demo-tape foi tão grande que os The Jesus And Mary Chain tornaram-se uma das primeiras apostas deste recém criado selo.
As primeiras apresentações dos The Jesus and Mary Chain na capital britânica eram recheadas de incidentes. Depois de horas de atraso, a banda subia ao palco (normalmente mostrando um indisfarçável consumo de álcool) e dava as costas ao público, virando-se para os amplificadores. Depois de 15 minutos de barulheira poderiam ser reconhecidos alguns acordes da música que eles estavam a tocar (normalmente "Jesus Fuck", uma das favoritas da época). Muitas vezes aconteciam sessões de pancadaria entre o público e em vez de acabar com um "bis", as primeiras apresentações dos Mary Chain acabavam com a chegada da polícia.
No fim de 1985 foi lançado o LP "Psychocandy", que continha todos os singles editados até á altura (excepto "Upside Down"), e mais algumas músicas com a mesma qualidade. Este disco é definitivamente um clássico. Os Mary Chain regressaram em 1987 com o lançamento de "Darklands". O novo disco dispensava um pouco o barulho, realçando mais as melodias com arranjos mais limpos e uso de bateria electrónica. A repercussão do disco foi bastante curiosa, enquanto que os críticos consideraram "Darklands" um trabalho bem inferior ao "Psychocandy", a verdade é que este disco foi o de maior sucesso da sua carreira, atingindo o 5º lugar do Top Inglês, principalmente graças ao single "April Skies", igualmente o maior hit da carreira da banda.
Mesmo com tão pouco tempo de carreira, os The Jesus and Mary Chain já possuíam, em 1988, sobras de estúdio, lados B e raridades suficientes para uma colectânea. E foi assim que surgiu "Barbed Wire Kisses", disco obrigatório para quem acompanha a carreira dos Mary Chain. Entre as músicas deste álbum, destaca-se uma cover/paródia de "Surfin' USA" dos Beach Boys, influência decisiva no som dos irmãos Reid. Uma dupla homenagem a Bo Diddley com os temas "Who Do You Love" e "Bo Diddley is Jesus"e uma cover ao vivo do "Mushroom" dos Can. Deste álbum faz ainda parte o tema "Sidewalking", uma das melhores músicas de sempre dos The Jesus and Mary Chain, também editado na versão maxi-single, fazendo parte do meu Top Ten 1988. Este maxi-single, para além de ter 2 versões do "Sidewalking" (a extended e a short), tinha no lado B duas músicas ao vivo, "Taste of Cindy" e "April Skies".
No próximo dia 9 de Dezembro faz vinte anos que os The Jesus and Mary Chain visitaram pela primeira vez o Porto para um concerto no Pavilhão Infante Sagres onde regressaram passados 4 anos no dia 25 de Abril de 1992. No dia 8 de Julho de 1995 fazem parte do 1º Festival Super Bock Super Rock. Em Maio de 1996 regressam a Portugal para tocar nas queimas de Coimbra (05-05), Braga (07-05) e Porto (09-05). No passado ano, a 4 de julho regressaram a Lisboa para participar uma vez mais no Festival Super Rock Super Bock.

Artigos relacionados: Since 1988, Fundação Atlântica, Ultra Vivid Scene.

Top Ten 1988: The Jesus and Mary Chain "sidewalking"

My Bloody Valentine "Soon"

Discos Twenty Years - My Bloody Valentine "Isn´t Anything"



A história dos My Bloody Valentine começa em 1984 em Dublin, Irlanda, quando Kevin Shields (guitarra) e Colm O'Ciosoig (bateria) formam uma banda com Dave Conway(vocalista) e Tina(teclas). Em 1986, quando a banda se estabelece em Londres a baixista Debbie Googe passa a fazer parte dela. Depois de alguns trabalhos editados, é com o seu terceiro EP, "The New Record By My Bloody Valentine", que começam a mostrar alguma mudança no som, com algumas influências, evidentes, dos The Jesus And Mary Chain. No fim de 1987, ocorre uma mudança que define o rumo da carreira da banda, o vocalista Dave Conway saí e é substituido por Bilinda Butcher, que também é guitarrista, mas cujo vocal etéreo mostra-se perfeito para os rumos que a banda estava a seguir.
O potencial do novo som dos My Bloody Valentine foi revelado no seu primeiro álbum, "Isn't Anything", de 1988 e editado pela Creation Records. O disco foi amplamente festejado pela imprensa britânica, e conquistou uma legião fiel de fãs. Após a edição de mais 4 ep´s, finalmente e já no final de 1991, "Loveless" foi lançado e justificou a expectativa do público e crítica. Um álbum clássico que leva muito mais longe tudo o que os My Bloody Valentine já tinham feito. Retirando as fronteiras entre a distorção e a delicadeza, o pop e o abstrato, "Loveless" tem um som muito denso que ao mesmo tempo soa caótico e calculado, podendo causar estranheza a quem o escuta pela primeira vez, mas que aos poucos se revela um trabalho brilhante e único. Desta forma termina a história desta banda que no passado dia 13 de Junho e passados 15 anos, regressou para iniciar uma digressão mundial, depois dos My Bloody Valentine voltarem a ganhar visibilidade através da banda sonora do filme "Lost in Translation" (2003), de Sofia Copolla.
O termo Shoegazing surgiu com eles, não só devido à sonoridade produzida, mas principalmente devido à sua postura em palco. A performance tímida chegava ao ponto de os músicos ficarem o tempo todo a olhar para o chão, sem comunicar e sem encarar o público, ou seja, os músicos durante os espectáculos iam "olhando para os sapatos" e daí nasce Shoegazer.


Artigos relacionados: Ultra Vivid Scene

segunda-feira, 21 de julho de 2008

20 YEARS PARTY PEOPLE (PART VI)

O tempo passa mesmo muito rápido. A sexta edição dos "20 Years" realiza-se na próxima sexta-feira, dia 25 de Julho e vai contar com a presença de um dos mais carismáticos clientes d´"o meu Mercedes.." (daqueles que têm direito a uma das suas pedras). O meu convidado é o Sérgio Filipe aka Sérgio Malcontent.

O Sérgio é:
Sérgio Costa - jornalista da Rádio Renascença, onde o podemos ouvir falar dos principais destaques da imprensa internacional e nacional.

Sérgio Malcontent - Autor da banda revelação 2007. Aos 31 anos o Sérgio cumpre um sonho. Devo dizer que fiquei impressionado com a qualidade deste sonho quando ele mo revela através de um pequeno leitor de mp3. Os incentivos a tornar realidade este sonho chegaram de todo o lado e desta forma nasceu MALCONTENT, um projecto musical onde a guitarra representa o papel principal e onde a influência dos The Jesus and Mary Chain e seus derivados foi sempre assumida. "Aggressive" e "It´s all in your mind" foram os temas escolhidos para a promoção da banda. Este ano gravaram o promo-single "Scream Dream" que vai abrindo caminho para o aguardado álbum de estreia "Love the Gun", a ser editado entre o final do mês de Novembro e o início de Dezembro.

Conhecem The Jesus and Mary Chain, Black Rebel Motorcycle Club, The Kills, Raveonettes, Pixies, Sonic Youth, PJ Harvey, Radiohead, dEUS, Interpol, Bauhaus, Love and Rockets, Primal Scream, Death in Vegas, Nine Inch Nails, The Young Gods, Joy Division, New Order, Stone Roses, Blur, David Bowie, Iggy Pop, Yeah Yeah Yeahs e White Stripes? Gostam? Nós gostamos muito...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Discos Twenty Years - Ciccone Youth "Whitey Album"




Ainda em 1988, os Sonic Youth participam num projecto paralelo chamado Ciccone Youth (que conta com o baixista Mike Watt, ex-Minutemen e Firehouse) e editam o disco "The Whitey Album", uma espécie de tributo à Madonna.

É um álbum conceitual-irônico acerca de toda uma cultura musical, que vai do Pop (inclui covers de Madonna e Robert Palmer), à música contemporânea erudita (referenciam a composição 4:22 de John Cage, através da faixa Silence), passando pelas influências experimentais dos Sonic Youth, que vem do Krautrock alemão (Neu,Can).

Top Ten 1988: Sonic Youth "Daydream Nation"



Formados em 1981, em Nova York, por Thurston Moore (guitarra, voz), Kim Gordon (baixo, voz), Lee Ranaldo (guitarra, voz) e Steve Shelley (bateria), os Sonic Youth são um dos maiores fenómenos da história da música independente. A honestidade artística e a coragem de fazer música sem medo de experimentar aliada a um dos lemas da banda "do-it-yourself", fazem dela um caso único de popularidade com uma legião fiel de fãs e um reconhecimento total por parte da imprensa, tornando-os no maior exemplo vivo da cultura "indie" desde a década de 80 até aos nossos dias.

Conheci-os nos finais de 1986, através de um amigo dos tempos da rádio e a propósito dos Husker Du, que me emprestou uma k7 com a gravação do "Evol", o primeiro disco gravado pela SST e já com aquele que viria a ser seu baterista definitivo, Steve Shelley. Todo aquele conjunto de melodias com distorções e muitas experimentações levou-me a ir vender alguns discos à Vandoma para depois ir comprar ao Vitor da saudosa "Tubitek" o "Sister", lançado em 1987. A partir daqui os Sonic Youth vão ganhando aos poucos o rótulo de grande nome do cenário underground americano. Sem abandonar as sonoridades alternativas e as experimentações, a banda continua a fazer concertos incendiários pelos EUA e em outros países.

Em 1988 editam o seu 5º álbum de estúdio, o aclamado "Daydream Nation", que para muitos é o melhor disco dos Sonic Youth, onde a banda encontrou o equilíbrio perfeito entre o experimentalismo e a melodia, entre as distorções de guitarra e as harmonias marcantes. Músicas como "Silver Rocket" e "Teen Age Riot" fizeram a banda ser definitivamente reconhecida como uma das melhores dos EUA. Obviamente, não eram um sucesso radiofónico nem comercial, desses que costumam aparecer frenquentemente nos EUA
para depois desaparecerem completamente), mas dado o estilo e a postura da banda, o sucesso era relativamente significativo.



Faz hoje 15 anos e em plena febre grunge que os Sonic Youth visitaram pela primeira vez Portugal para um concerto na Praça de Toiros do Campo Pequeno, a primeira parte foi feita pela banda do Tó Trips, os Lulu Blind. Assistiram a este concerto 6.000 pessoas e foram feitas 1.250 cópias em disco autorizado pelos Sonic Youth. Regressaram a 8 de Agosto de 1998 ao Festival Sudoeste, na Zambujeira do Mar. No ano seguinte, a 19 de Fevereiro estiveram na Aula Magna, Lisboa. No dia 14 de Julho de 2000 foram ao Festival de Vilar de Mouros. A 25 de Maio de 2003 foram ao Coliseu de Lisboa. No ano passado, a 15 de Agosto estiveram presentes no Festival de Paredes de Coura.

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segunda-feira, 7 de julho de 2008

The Lemonheads - "It's A Shame About Ray"


Em 1992 gravam "It´s a shame about ray", que contava com a participação de Juliana Hatfield, no baixo e nos coros. Este álbum revelou-se o mais bem sucedido da banda, a nível comercial. Neste vídeo participa Johnny Depp.

Discos Twenty Years - The Lemonheads "Creator"


Evan Griffith Dando formou os The Lemonheads com 2 amigos da Escola Superior de Boston (Ben Deily e Jesse Peretz) no Inverno de 1986. A história de "Creator", lançado em 1988 pela Taang! records, pertence à primeira fase desta banda que no início era um trio punk pop mas ao longo dos anos, torna-se num trampolim para o seu vocalista. O seu visual e uma voz quente, tornaram Evan Dando um ídolo adolescente do início dos anos 90, quando o sucesso dos Nirvana deu visibilidade a uma série de bandas alternativas.
A segunda fase inicia-se quando os The Lemonheads assinam contrato com a Atlantic Records e gravam "Lovey"(1990), "It's A Shame About Ray"(1992), "Come On Feel The Lemonheads"(1993) e "Car Button Cloth"(1996), todos eles, com mais ou menos sucesso, são constituidos por melodias simples e orelhudas que cativaram imediatamente o público. Esta é a fase de maior projecção para Evan Dando que passou a ser figura mediática nas revistas e ganhou status de celebridade pop-rock. Durante este período, é convidado para participar como actor no "Reality Bites", primeiro filme realizado pelo actor Ben Stiller.

À terceira fase pertencem o excesso de drogas e álcool que provocam o afastamento de Evan Dando que, depois de um período menos bom e resolvidos os seus problema pessoais, foi reunindo lentamente canções que ia compondo sozinho, ou em parceria com amigos, como são os casos de Chris Brokaw (músico bem conhecido na cidade do Porto, pois já deu 2 concertos n´"O meu Mercedes..."), Ben Lee, Jon Brion, sua companheira Elisabeth e os Calexico, velhos cúmplices que participam no álbum a solo “Baby I’m Bored”(2003). Em 2006, Evan Dando ressuscitou os The Lemonheads e edita o álbum homónimo em dezembro, que foi bem recebido pela crítica e pelos "velhos" fãs.

A banda de Evan Dando actua no próximo dia 3 de Agosto no festival minhoto "Paredes de Coura" e visitou o Coliseu de Lisboa no dia 5 de Junho de 1994. Um dia de boa memória onde eu, o Diogo e a Sandrinha, depois de termos ido vêr o "Naked" do Mike Leigh, acabamos por conhecer pessoalmente Evan Dando que passeava nas ruas de Lisboa horas antes do concerto, que na primeira parte contou com a surpreendente actuação da banda da brasileira Isabel Monteiro, Drugstore.

domingo, 6 de julho de 2008

Discos Twenty Years - Dinosaur Jr "Bug"



Os americanos Dinosaur Jr. foram, juntamente com os Pixies, um dos principais responsáveis pelo regresso dos solos de guitarra ao indie rock . Eles adicionaram solos de guitarra e distorção a um som temperado por letras depressivas, vocais desleixados e riffs melódicos. Os Dinosaur Jr. são citados como grande influência para bandas como os Pixies, Sonic Youth, Nirvana e toda uma geração de bandas surgidas nos anos 90.
Naturais de Massachusetts o trio é formado inicialmente por J.Mascis (guitarra, voz), Lou Barlow (baixo) e Murph (bateria). Em 1987, os Dinosaur Jr. assinaram contrato com a influente gravadora independente SST (propriedade de Black Flag) e gravam o segundo álbum da sua carreira, "You're Living All Over Me", que foi considerada uma obra prima pela crítica. O estilo dos Dinosaur Jr. e particularmente as guitarras distorcidas de J. Mascis passaram a ser muito elogiados por bandas como os Sonic Youth, que muitas vezes exaltaram os Dinosaur Jr. em entrevistas. No início de 1988, lançam o single "Freak Scene", uma música que capturava e reflectia o espírito do underground americano pós-punk da época.

"Freak Scene" tornou-se um hit nas "college radios" e abriu caminho para mais um aclamado álbum, "Bug"(1988). Embora a popularidade dos Dinosaur Jr. continuasse a aumentar, começaram a surgir divergências, principalmente entre Mascis e Barlow, que mal se falavam. Em 1989, Mascis disse a Barlow que os Dinosaur Jr. tinham acabado para logo no dia seguinte ele reformular a banda, desta vez sem Lou Barlow, que acabou formando a banda Sebadoh e mais tarde os Folk Implosion, gerando uma rivalidade de anos entre os dois.
Durante a década de 90 os Dinosaur Jr. gravam "Green Mind"(1991), "Where You Been"(1992), "Without a Sound"(1994) e "Hand it Over"(1997). Em 1996, J.Mascis inicia a sua carreira a solo e visita-nos no dia 30 de Novembro de 2002 para um concerto no Hard Club. Em 2005 o trio faz as pazes e reune-se para uma digressão que tem durado até ao presente ano. No dia 7 de Agosto de 2005 actuaram no Festival Sudoeste. No dia 12 de Novembro de 2005, Lou Barlow visita o Porto e pisa o palco d´"O Meu Mercedes é Maior Que o Teu" para um concerto único e memorável. No ano passado os Dinosaur Jr. editaram "Beyond" e apresentaram-se ao vivo no Festival Paredes de Coura no dia 14 de Agosto.