quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A despedida do ano 1989

Com mais um ano a acabar, ficou cumprido o objectivo deste blogue. A história de 1989 acaba aqui e já falta pouco para começar um novo ano e, na minha opinião, foram estes dois anos, 1988 e 1989, o arranque de tudo o que irá acontecer na década de 90. Ainda faltou falar de muitos discos como é exemplo o "On Fire" dos Galaxie 500, o "Hope and Despair", nome para a estreia do Edwin Collins, o "Technique" dos New Order, o "Love is Hell" dos Kichens of Distinction, o "Tweez" dos Slint, o "Candleland" do Ian McCulloch, o "Telepatic Surgery" dos Flaming Lips, entre muitos outros, mas penso ter abordado os mais importantes.

Com a popularidade ganha pelas redes sociais (Facebook), os blogues parece estarem a perder adeptos e procura, salvo aqueles que disponibilizam os downloads dessas rodelas tão apreciadas. Apesar de tudo, ainda vai existindo gente muito activa, como é o caso do Kraak, da Ms.Oaktree, do Paxxxeco, da African Queen e do trio Love no more (Luciano, Z@ngelos e Eduardo) a quem eu quero agradecer a persistência e desejar um bom ano, estendendo estes votos ao Puto, à Sakiko Wang, ao Eduardo, à Lau, ao André Leão, ao Roque Santeiro, ao Barbed Wire e ao incansável M.A..

domingo, 27 de dezembro de 2009

Discos Twenty Years - Kate Bush "The Sensual World"


Catherine Bush Nasceu em 30 de julho de 1958 em Bexleyheath (Kent), Inglaterra e é uma das vozes mais singulares da música pop britânica.

Em 1972, Ricky Hopper, um amigo, da família Bush, com conhecimentos no mundo musical, tentou apresentar "demos-tape" com composições de Kate a editoras, com intenção de publicar o seu trabalho mas foram recusadas. Mais tarde, tenta novamente apresentar o trabalho a um amigo da Universidade que andava à procura de novos talentos. Esse amigo era nada mais nada menos que David Gilmour dos Pink Floyd. Desta forma começa o percurso artístico de Kate Bush, que pela mão deste famoso guitarrista consegue um contracto discográfico com a EMI, em 1976. Encorajada pela sua editora, Kate continuou a estudar canto e dança, antes de decidir gravar, oficialmente, a sua primeira canção original, "Wuthering Heights", em janeiro de 1978. O sucesso foi imediato e, com apenas 19 anos, conquista o primeiro lugar do top britânico.

O álbum de estreia, "The Kick Inside", é lançado ainda durante 1978. Um ano mais tarde surge "Lionheart", o segundo conjunto de originais que, definitavamente, a confirmou como uma referência na cena pop britânica. Seguiu-se uma extensa digressão, onde a cantora revelou todos os seus dotes artísticos em palco. Em 1980 foi a vez de "Never For Ever" entrar directamente para a primeira posição da tabela britânica de álbuns, consolidando o estatuto de diva atribuído a Kate Bush e donde é retirado o single "Babooshka".

Dois anos depois foi a vez de "The Dreaming" marcar uma viragem no seu percurso e Kate optou então por emancipar-se e fundou o seu próprio estúdio. Foram necessários três anos até que surgisse um novo álbum. "Hounds Of Love" editado em 1985 alcançou o primeiro lugar do top inglês e marcou o regresso em grande da cantora às suas melhores performances. Deste álbum são retirados 3 singles, "Hounds of Love", "Cloudbusting" (acompanhado de um excelente vídeo contracenado por Kate e Donald Sutherland) e "Running Up That Hill" que se torna no seu maior sucesso.

Em 1987, um ano depois de se ter juntado a Peter Gabriel no dueto "Don't Give Up", Kate Bush viu, uma vez mais, o seu valor ser reconhecido, quando ganhou o Brit Award para a Melhor Voz Feminina, dois anos antes de editar este "The Sensual World", uma impressionante cornucópia musical no qual Kate experimentou várias formas sonoras com instrumentos e arranjos fora do comum. Este álbum alcançou a segunda posição das tabelas de álbuns da Inglaterra e atraiu a atenção da imprensa musical mais intelectual que a elege uma das artistas mais aventureiras e originais da sua era.

O sétimo álbum de originais, "The Red Shoes" que contou com a participação de Eric Clapton e Prince, foi editado em 1993 e materializou a conquista do top americano por parte da cantora inglesa, ao entrar pela primeira vez para o seu top 30. "Aerial", editado em 2005 em formato duplo, é o seu último legado.

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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Discos Twenty Years: The Ramones "Brain Drain"



Formados em 1974, em Nova York, os Ramones com 4 acordes, uma melodia simples e cativante, letras fáceis e vazias no conteúdo juntaram-lhe um ritmo consideravelmente acelerado e criaram algo que soou revolucionário, que ainda hoje nos faz dançar, tornando-se líderes do movimento punk rock nova-iorquino. Os Sex Pistols chegam depois trazendo a violência latente da música de forma mais explícita.
Embora contenha um dos sucessos dos Ramones, "Pet Sematary" (escrita para o filme de Stephen King com o mesmo nome), este "Brain Drain" encontra a banda de Queens na sua fase menos inspirada.

É um disco maçador, constituido praticamente por três temas, um já referido, "I Believe in Miracles" o tema de abertura e "Merry Christmas (I Don't Want to Fight Tonight)" o tema de fecho. Sobre este disco há ainda 2 factos a referir, foi o último álbum dos Ramones gravado para a, editora de sempre, Sire Records, e também foi a última participação para o baixista Dee Dee Ramone. Aproveito o próximo vídeo para desejar um bom Natal a todos aqueles que por aqui passam.


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sábado, 19 de dezembro de 2009

Top Ten 1989 - The Jesus and Mary Chain "Automatic"



Este é o terceiro álbum de estúdio dos The Jesus and Mary Chain que apresenta uma sonoridade mais áspera e mais agressiva do que o "Darklands", mas sem nenhuma alusão ao, único, "Psychocandy". O então desconhecido produtor, que agora é super famoso, Alan Moulder, fez um grande trabalho porque encontrou uma forma de misturar o som das guitarras sem estas soarem a comercial. Na altura o que restava da banda era apenas os irmãos Reid e tal como em "Darklands", a bateria era fornecida por máquinas sentindo-se ainda a falta do trabalho, distinto e individual, de Bobby Gillespie, embora nas prestações ao vivo, Richard Thomas (Dif Juz, Cocteau Twins, This Mortal Coil) substituísse as batidas sintetizadas. De igual forma, grande parte do baixo também foi criado através de sintetizadores e quando "Automatic" ficou pronto, a crítica não foi muito favorável, mas todos nós podemos descobrir o brilhante single que a ele irá estar sempre ligado.



"Head On" é mais um daqueles momentos únicos e muito especiais de criação, que mais tarde iria ter uma versão feita pelos Pixies. "Blues From a Gun" foi a escolha para o segundo single deste álbum, muito longe da minha que seria o "Between Planets" ou o "Halfway to Crazy".

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Top Ten 1989 - Pixies "Doolittle"



Depois de editarem em 1988 o brilhante "Surfer Rosa", este "Doolittle" marca a primeira união com o produtor inglês Gil Norton, conhecido pelas produções de álbuns dos Triffids e das Throwing Muses.

Este é, sem dúvida, o álbum mais acessível dos Pixies e a sua história é simples porque a colecção de sons que dele fazem parte torna-o no mais eclético e ambicioso da carreira. Apesar deste trabalho ter um som mais limpo e mais suave do que álbuns anteriores, ainda consegue momentos estranhos e abrasivos através de temas como "There Goes My Gun", "Crackity Jones", "Gouge Away" e "Tame". O "Hey" conseguiu promover o lado lírico do compositor Black Francis através de uma balada romântica, capaz de incendiar uma pista de dança. Para promover o álbum, escolhi os temas mais pop, a canção "La La Love You" e o bem sucedido single, "Here Comes Your Man", uma daquelas canções que, na minha opinião, necessita de momentos raros de criação, razão suficiente para que este sucesso os imortalize.



Ainda foram retirados deste álbum mais dois singles, o "Monkey Gone to Heaven", uma mensagem ambientalista e mais tarde o "Debaser", tema inspirado no clássico, do surrealista Buñuel, "Un Chien Andalou". "Doolittle" é um conjunto de 15 músicas excelentes, que tornam fácil perceber porque é que este álbum transformou os Pixies em estrelas do rock.

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domingo, 29 de novembro de 2009

Discos Twenty Years - Nirvana "Bleach"



Gravado em três sessões, entre Dezembro de 1988 e Janeiro de 1989, com um custo de cerca de 600 dólares, "Bleach", o álbum de estréia dos Nirvana, tornou-se um sucesso nas rádios universitárias americanas, devido às frequentes digressões da banda. Jason Everman já não fez parte da gravação deste disco, mas ajudou a promover o álbum, antes de deixar a banda, no final do ano, para fazer parte dos Soundgarden.

"Bleach" vendeu 35.000 exemplares e os Nirvana tornaram-se na banda favorita das rádios universitárias, da imprensa britânica, dos Sonic Youth, Mudhoney e Dinosaur Jr., razões suficientes para atrair a atenção das grandes editoras.



Foi o António Sérgio que me deu a conhecer os Nirvana e este disco, que chegou a desfilar na Lista Rebelde do mítico programa de rádio, "Som da Frente", um nome que foi utilizado durante muitos anos para catalogar um estilo músical.

Este ano, para comerar os 20 anos da edição deste disco, a Sub Pop fez uma reedição remasterizada pelo produtor original, Jack Endino, que inclui 12 músicas ao vivo do concerto realizado no Pine Street Theatre, em 1990 e um livro de 52 páginas com fotos inéditas da banda.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Discos Twenty Years - Pere Ubu "Cloudland"


Pere Ubu é a banda do carismático David Thomas, formada em Agosto de 1975 em Cleveland, EUA e que ao longo da sua carreira já teve diversas formações. Por esta banda já passaram nomes como Mayo Thompson (líder dos Red Krayola), Anton Fier (líder dos Golden Palominos e baterista dos The Feelies), Tim Wright (DNA, Danse Society) e Eric Drew Feldman (Captain Beefheart, Frank Black, dEUS) entre outros. Apesar de serem bastante impopulares, são considerados banda de culto e influenciaram diversas gerações de músicos (Dead Kennedys, Birthday Party). O objectivo da banda era mostrar o lado caótico do mundo moderno e industrializado através de letras dementes, absurdas e de uma mistura de estilos musicais que passavam obrigatóriamente pelo experimentalismo, pelo jazz, pelo rock e pelo minimalismo.

Depois de seis álbuns de estúdio e um ao vivo em 1989 os Pere Ubu editaram este "Cloudland", o álbum mais pop da sua carreira, que teve a assinatura de Stephen Hague, um conhecido produtor de bandas electrónicas (Pet Shop Boys, Erasure, O.M.D., New Order). As canções que fazem parte deste disco incluíram melodias tradicionais e linhas de teclado melódicas, mas o estilo vocal de David Thomas continuou desenfreado. De "Cloudland" saíram dois singles, "Breath" e "Waiting for Mary" que teve direito a um vídeo, bastante divulgado pela MTV, fazendo com que esta música se tornasse na mais conhecida da banda.









Os Pere Ubu têm o hábito de organizar alfabéticamente, a ordem dos seus alinhamentos ao vivo, e foi assim que aconteceu no concerto de estreia em Portugal, ocorrido na Aula Magna, em Lisboa, dia 26 de Setembro de 2000, com a primeira parte a cargo dos portugueses Rollana Beat. Regressaram no dia 16 de Fevereiro de 2008, para um concerto único na Casa da Música, no Porto, englobado na programação do Clubbing, que contou com a prestação dos islandeses MUM na primeira parte.

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domingo, 8 de novembro de 2009

Top Ten 1989: Lou Reed "New York"



Lewis Allen Reed, nasceu no dia 4 de Março de 1942 em Brooklyn, Nova York e falar sobre ele era escrever um livro, tais são os temas e a história que este músico tem para contar, por isso vou tentar ser o mais sucinto e directo possivel.

Embora Lou Reed tivesse mais êxito na sua carreira a solo, para mim, será como líder e principal compositor dos The Velvet Underground que ele vai ser mais recordado, devido à capacidade visionária desta banda, formada em 1964. Ainda hoje considero que os seus álbuns de estúdio são de escuta obrigatória. "Heroin", "Sweet Jane", "Venus in Furs", "All Tomorrows Party", "Lisa Says" são alguns dos clássicos que Lou Reed escreveu para a banda que ele partilhou com John Cale, Sterling Morrison, Maureen Tucker(que substituiu Angus MacLise), Doug Yule(que substituiu Cale, depois de ter sido despedido por Reed), a rejeitada Nico e porque não incluir o famoso produtor do primeiro trabalho, Andy Warhol.


A falta de sucesso comercial foi certamente um dos factores que fez Lou Reed abandonar os Velvet em Agosto de 1970 para começar a sua carreira a solo. Em 1971 lança o trabalho homónimo de estreia que não é mais do que um álbum de versões de músicas que ele escreveu para os Velvet. Algumas delas só seriam conhecidas na sua versão original, 25 anos depois. O segundo trabalho "Transformer", produzido por David Bowie e pelo guitarrista Mick Ronson,tornou-se num clássico da história da música, cheio de grandes canções como "Sattelite of Love", "Vicious", "Perfect Day" e "Walk on the Wild Side".


Deste compositor, capaz de uma melodia considerável e de uma irrepreensivel sensibilidade e introspecção, seguiram-se 13 álbuns de estúdio e 4 ao vivo para chegar a este "New York", a cidade que tantas vezes o inspirou. No coração belo e decadente da cidade de Nova York, Lou Reed, encontrou uma abundância de assuntos como, a SIDA, a prostituição, as drogas e a policia, as bebidas alcoolicas, as crianças, que ele aproveitou para criar as letras deste disco. O impacto devastador da SIDA é abordado em "Halloween Parade", o ciclo vicioso do abuso infantil, em "Endless Cycle" e a condição humana dos sem-abrigo, em "Xmas in February". É com algum humor que ele também aborda a sua própria vida, em "The Beginning of a Great Adventure" ele faz uma meditação divertida sobre as possibilidades de paternidade e "Dime Store Mystery" é uma comovente elegia sobre Andy Warhol. A promoção do disco foi feita através do "Romeu e Juliette" mas é principalmente "Dirty Blvd", canção que fala sobre o contraste entre os ricos e pobres da cidade de Nova York, que faz o álbum desfilar nos lugares cimeiros dos tops durante semanas.


Com a ajuda de Maureen Tucker nas percussões "New York" foi produzido de forma inteligente, é uma obra-prima do "rock & roll" e é um dos melhores álbuns da carreira a solo de Lou Reed.

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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Top Ten 1989: Tom Petty "Full Moon Fever"



Tom Petty nasceu e cresceu no norte da Flórida e começou a tocar música muito cedo. Com 17 anos, ele abandonou a escola para formar os Mudcrutch, com o guitarrista Mike Campbell e teclista Mezcla. Em 1970, mudam-se para Los Angeles com a esperança de encontrar um contrato de gravação, facto que nunca aconteceu porque as dificuldades acabaram com a banda. Petty não desiste e começa a tocar com diversas bandas até que em 1975 conhece os Heartbreakers e assina contrato com a Shelter Records em 1976.

Inicialmente, a estréia da banda foi ignorada nos Estados Unidos, mas depois de uma digressão em Inglaterra, com uma abertura para a tour de Nils Lofgren, e um desfile no seu Top 30, os singles "Breakdown" e "American Girl", com a ajuda das rádios, depressa entram no top 40 americano. O seu sucesso em Inglaterra foi tão grande que o seu primeiro álbum "Tom Petty & the Heartbreakers" foi incluído no movimento punk/new wave por alguns observadores da altura. Depois de ouvir o álbum noto que esta inclusão acaba por não fazer sentido. Os The Heartbreakers eram uma banda de apoio firme, musculado e versátil que forneceu o suporte adequado para as canções de Petty. Enquanto que a sua voz nasal pode recordar Bob Dylan, a escrita de Petty é directa, lembrando de forma simples e sem adornos de estilo, Neil Young. Ao longo da sua carreira, Tom Petty & the Heartbreakers nunca se afastaram do seu som.

Só em 1988 é que comecei a ouvir falar de Tom Petty, musico que ao longo da sua carreira se foi habituando ao sucesso e aos discos de Platina. Durante 1988, Petty tornou-se num membro do supergrupo The Traveling Wilburys, que também contava com Bob Dylan, George Harrison, Roy Orbison e Jeff Lynne. Os Wilburys lançaram o seu primeiro álbum no final de 1988 e o seu som tornou-se no modelo para a carreira a solo de Petty que é iniciada em 1989 com este "Full Moon Fever", que foi produzido pelo ex-lider dos Electric Light Orchestra, Jeff Lynne e com o apoio da maioria dos the Heartbreakers. "Full Moon Fever" tem um som limpo e está cheio de brilhantes harmonias vocais, teclados e guitarras e apesar destes vinte anos ainda o considero admirável e atraente porque não tem uma música fraca. Tornou-se no auge comercial de Petty, atingindo o número três nos Tops americanos, foi tripla platina e gerou sucessos como "I Won't Back Down", "Runnin'Down a Dream", "Free Fallin'" e o saudoso "A Face in the Crowd".



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