segunda-feira, 10 de março de 2008

"Os Dias da MadreDeus" de Pedro Ayres Magalhães, Rodrigo Leão, Gabriel Gomes, Francisco Ribeiro e Teresa Salgueiro


Os Madredeus são, sem dúvida alguma, o projecto musical português com mais êxito e dimensão mundial. Ainda hoje pergunto se alguma vez o Pedro Ayres Magalhães e o Rodrigo Leão imaginavam ou sonhavam com toda esta projecção quando em 1985 se juntavam para ensaiar este inovador projecto. Comprovei todo este sucesso, quando em 1990 a C.M.Matosinhos resolve oferecer um concerto dos Madredeus no Mosteiro de Leça do Balio. Bem, a confusão foi total, com uma massa humana apinhada dentro do Mosteiro e muitas mais fora dele a tentar entrar a todo o custo. Sem condições, a banda resolveu abandonar o altar do Mosteiro, transformado em palco, à terceira música e eu, com muita pena, aproveitei para fugir porque não me sentia seguro, mas ficou para sempre a emoção provocada pelo momento, aconteceram os "arrepios na espinha" e a Teresa Salgueiro a cantar com as mãos à cintura torna-se imagem de marca. Sobre "Os Dias da MadreDeus", o primeiro disco da banda e obra de referência da música portuguesa, quero apenas realçar o facto de ter sido posto à venda na primeira semana de Dezembro de 1987, foi gravado ao vivo durante as noites de 28,29 e 30 de Julho do mesmo ano no convento da Madre de Deus e a preciosa voz da Teresa Salgueiro tinha apenas 18 anos. A história desta obra conta ainda, a título de curiosidade, que o quinteto durante a gravação tocou descalço para evitar qualquer tipo de ruído e a mesma era interrompida sempre que passava um carro eléctrico na rua. O duplo LP tem ainda o tema "A estrada do monte", que é retirado nas posteriores edições em CD. "A vaca de fogo" torna-se o tema que melhor os representa, imortalizado em vídeoclip realizado por Paulo Miguel Fortes em 1989.

2 comentários:

O Puto disse...

É uma obra belíssima e notável, que figurará com certeza como um marco na história da música popular portuguesa.

TZ disse...

Já não é do meu tempo o concerto dado por eles em plena Lagoa das Furnas, em S. Miguel, tendo as fumarolas por pano.

Só posso imaginar a Teresa Salgueiro com as mãos na cintura, os espectadores na relva numa noite insular de Verão, a humidade no ar e o insólito da voz dela a reverbar no enxofre da terra... Insólito no mínimo, diz quem viu.