Este ano faço, mais uma vez, questão de associar o mês de Agosto à maioria. Em 1989 S.Pedro de Moel e Quarteira foram o destino escolhido para os 30 dias de férias seguidos, coisa impossível no presente. Ainda hoje me interrogo como é que conseguia passar tanto tempo fora de casa e com muito menos dinheiro daquele que hoje gasto. Com os votos de umas boas férias, em 1989 estas foram as grandes malhas em tudo que era rádio e "sítio" da moda:
Os De La Soul foram uma banda norte-americana de hip-hop, formada em 1987 em Long Island, Nova York, que em 1989 com o inovador uso de samples, editaram o álbum de estréia, "3 Feet High and Rising", que foi classificado como a obra-prima e obrigatória do hip-hop.
Tone Lōc é um actor e rapper norte-americano, várias vezes nomeado para os Grammy, que ficou muito conhecido devido à sua voz grave utilizada no álbum "Loc-ed After Dark" donde foram retirados os singles "Wild Thing" e "Funky Cold Medina".
Neneh Cherry nasceu dia 10 de Março de 1964 em Estocolmo, Suécia, é filha da Pintora sueca Moki Cherry, irmã de Eagle Eye Cherry e enteada do trompetista de jazz, Don Cherry. Em Junho de 1989 editou o álbum de estreia "Raw Like Sushi", trabalho onde mistura hip-hop com pop, rap e outras influências.
Soul II Soul é uma banda inglesa de Londres que em 1989 lançaram "Club Classics vol.one", um álbum histórico onde a Soul e a R&B criaram êxitos tão conhecidos como é o caso deste "Back to Life".
Lisa Stansfield, começou a sua carreira com os Coldcut e o sucesso "People Hold On". O disco de estreia, “Affection”, vendeu 4,5 milhões de cópias. Um dos motivos foi a música “All Around the World”, que em 1989 desfilou em todos os tops internacionais e lhe garantiu alguns prémios, como o de a melhor canção e o de melhor artista revelação, entre eles, o Brit Award.
Fine Young Cannibals são uma banda britânica fomada em Birmingham em 1984. Em 1989 através do álbum "The Raw and the Cooked" ficam conhecidos com os sucessos "Good Thing" e "She Drives Me Crazy" .
Depois de lançarem em 1987 o duplo álbum "Kiss me, Kiss me, Kiss me", 1988 foi o ano em que Robert Smith teve de mostrar a todos, toda a sua força interior. Apesar de ter sido um ano de alegrias, como foi exemplo o seu casamento com Mary Poole, depois de 14 anos de namoro, Robert teve que ultrapassar a angústia provocada por um incêndio na sua casa, onde perdeu todos os seus pertences, excepto as letras das suas músicas. No fundo, as letras eram a coisa com que ele mais se importava e os seus amigos não economizaram forças para resgatá-los do meio do fogo. Como se esta situação não fosse suficiente, Lol Tolhurst continuava a mostrar desleixo com a banda, aparecendo nos ensaios apenas para receber cheques. Robert cansa-se desta atitude, muito pouco profissional, e acaba por demitir Lol da banda, acabando com uma amizade de muitos anos.
Em 1989, os Cure conseguem atingir o pico da sua popularidade com este sedutor "Disintegration", considerado pela maioria dos fans, o melhor álbum da banda. É um disco hipnótico, fascinante, composto quase inteiramente por atractivos e bem construídos épicos como o refrescante "Pictures of You", a encantadora "Love Song", o latejante "Fascination Street" e o misterioso "Lullaby". "Disintegration" é o culminar de todas as direcções musicais a que os Cure se dedicaram durante a década de 80 e foi, na altura, o disco que iria provocar o fim da banda, segundo boatos que iam sendo lançados e consolidados após Robert Smith ter dito "I’ll never see you again" no final de um concerto em Mansfield, EUA.
Este é o Lp de estreia dos The Stone Roses que, anos após a sua edição, foi eleito por uma larga maioria da imprensa britânica como o melhor álbum inglês de todos os tempos. Eles próprios também foram considerados a melhor banda nascida na terra da rainha, tendo sido nomeados os lideres da cena "Madchester", o fenómeno que fundiu as guitarras pop com o delírio fornecido pelas drogas, raves e a cultura da dança. As repercussões deste trabalho histórico podem ser ouvidas em toda a década de 90, através do movimento "brit pop", como é exemplo confesso dos seus principais intervenientes, Oasis e Blur.
Eu, não vou tão longe, mas confesso que também me rendi a esta colecção de hinos, que considero a numero um de 1989. Sem dúvida que a figura e a voz de Ian Brown foi muito importante, como mais tarde ele acaba por atestar através da sua carreira a solo, mas a verdadeira chave do sucesso dos Stone Roses são as simples e atractivas guitarradas de John Squire exemplarmente acompanhadas pela secção rítmica de Reni e Mani que, de uma forma natural, enchem todas as músicas com ritmos de dança.
Os singles retirados deste álbum, lançado em Março de 1989, "Made of Stone" e "She Bangs the Drums" acabaram por entrar em todos os Tops, mas a canção que escolhi para divulgar este álbum, que em 1991 foi finalmente editada como single, foi o "I Wanna Be Adored". Julgo que (no Porto e arredores) será a música que mais paixões desperta e é provavelmente a letra que mais descreve os Stone Roses e, principalmente, Ian Brown.
Seguiu-se uma história de 7 anos bastante atribulados. Em 11 de Agosto de 1996, Portugal, já sem Reni(substituído por Robbie Maddix) e John Squire(substituído por Aziz Ibrahim), teve a oportunidade de assistir, no relançado "Festival Vilar de Mouros", a uma desastrosa prestação que foi repetida noutros festivais europeus, levando ao abandono de Mani (que juntou-se aos Primal Scream) e também ao final oficial da banda, em Outubro de 1996.
No próximo dia 10 de Agosto está prevista uma nova edição especial deste álbum que marca o seu vigésimo aniversário de lançamento.
Editado em Novembro de 1989, arriscava a dizer que só em 1990 é que Portugal teve um contacto directo com este maxi-single, pós-debute álbum dos Stone Roses que a maioria dos seguidores do, na altura, chamado "som da frente" teve dificuldade em classificar.
Orientado para a dança, é , sem dúvida, um dos temas mais fortes e mais representativo do movimento "Madchester", mas levanta algumas questões:
Este tema é da mesma banda, ou seja dos Stone Roses? Vamos colocar este disco onde? Na secção Indie? Ou na secção Dança/Novas Tendências?
Os Depeche Mode, precursores do synth pop, foram formados em 1980 em Basildon, Essex, Inglaterra, por Dave Gahan (vocalista), Martin L. Gore (teclista, guitarrista, voz), Andrew Fletcher (teclista) e Vince Clarke (teclista e principal compositor) que abandona a banda logo após o lançamento do álbum de estréia "Speak and Spell" em 1981, por não se rever no tipo de sucesso que a banda estava a alcançar, para formar os Yazoo, sendo substituído por Alan Wilder entre 1983 e 1995. Após a saída de Wilder, os Depeche Mode continuaram a sua carreira como um trio.
Em 1987, é lançado "Music for the Masses", o sexto trabalho de originais que lhes asseguraria definitivamente uma posição de destaque nos EUA, originando algumas das músicas mais emblemáticas dos Depeche Mode e dos anos 80. Canções como "Never let me down Again", "Behind the Wheel" e "Strangelove" tiveram uma ampla divulgação nas rádios de todo o mundo e o sucesso do álbum reflectiu-se numa estrondosa digressão mundial imortalizada num documentário assinado por D.A. Pennebaker e neste duplo álbum "101".
Apesar de não ser grande adepto das edições ao vivo, reconheço neste álbum um marco em termos de produções discográficas deste género. O centésimo primeiro (101) concerto da digressão mundial do "Music for the Masses", realizado no Rose Bowl de Los Angeles, tornou-se lendário por ter ultrapassado todos os recordes de assistência até então estabelecidos por apenas uma banda. Apesar do numero oficial ser de 60.453 outras fontes revelam um, muito diferente e impressionante, que rondou as 80.000 pessoas. Se havia dúvidas os Depeche Mode tiraram, mostrando serem uma banda perfeitamente capaz de transportar a sua música do estúdio para o palco como nenhuma outra, tornando-se numa grande influência para diversas bandas de Pop e Rock actuais.
Os Depeche Mode visitaram Portugal pela primeira vez, há precisamente 16 anos, no dia 10 Julho do ano de 1993, sem uma certeza absoluta penso que a primeira parte, no Estádio das Antas e na outra data no Estádio de Alvalade, foi feita pelo projecto inglês Babylon Zoo. Regressaram com a "Touring the Angel", dia 8 de Fevereiro de 2006, ao esgotadissimo Pavilhão Atlântico, com os Bravery a assegurarem a primeira parte. Depois de cancelarem a terceira visita que ia acontecer no Estádio José Alvalade, dia 28 de Julho de 2006, os Depeche mode voltaram a cancelar um concerto único, que ia acontecer amanhâ,no Parque da Cidade do Porto ("Festival Super Bock Super Rock"), devido a uma lesão no músculo de uma perna de Dave Gahan. Este concerto ia servir de apresentação do, novo álbum editado este ano, "Sounds of the Universe".
Este foi o álbum que mais dividiu os fãs dos Love and Rockets na altura. A música "So Alive" (uma homenagem a T. Rex) foi um grande sucesso e a capacidade de escrita, tanto de Daniel Ash como de David J, resultaram numa colecção das melhores canções das suas carreiras.
David J aplica nas suas músicas, todas as influências do Rock´n´roll e dos Blues, já Daniel Ash, devido ao "No Big Deal" e especialmente, "Motorcycle", nota-se que andou a ouvir discos dos Jesus & Mary Chain, mas o seu maravilhoso ronrom vocal marca-o, assim como as suas próprias canções.
Formados em 1976 na cidade norte-americana de Athens, donde são também naturais os R.E.M., os amigos Kate Pierson, Cindy Wilson, Fred Shneider, Ricky Wilson (irmão mais velho de Cindy) e Keith Strickland, durante um, embriagado, jantar num restaurante chinês da cidade, decidiram formar os B-52´s, nome de um avião da Segunda Guerra Mundial mas é principalmente um nome utilizado pela gíria do sul do Estados Unidos para designar as perucas altas e extravagantes usadas por Kate e Cindy.
Com pouca experiência musical, a estreia da banda foi feita numa festa em casa de um amigo para comemorar o dia dos namorados de 1977. O primeiro trabalho, feito de forma independente, foi o single “Rock Lobster”, que ainda hoje é o grande clássico da banda. Em 1979 rumam a Nova York e depois de um bem sucedido concerto no lendário club CBGB (onde tocaram os Talking Heads, Patti Smith, Television, Blondie, Modern Lovers, etc…), ganham a atenção da imprensa e um contrato com a editora Warner.
Os dois primeiros LPs, "The B-52’s" (1979) e "Wild Planet" (1980) produziram diversos sucessos como a nova versão de "Rock Lobster", "52 Girls.", "Private Idaho", "Give Me Back My Man" e "Strobe Light", que os colocam à frente do movimento "New Wave" da época. Aproveitando o facto de serem bastante populares nas festas de garagem em 1981 lançaram o Ep "Party Mix!", que trazia seis temas, dos dois primeiros albuns, mixados. Com a assinatura de David Byrne em 1982 gravam o Ep "Mesopotamia", que apesar dos elogios por parte da crítica e apesar de ser o melhor disco em termos técnicos torna-se num fracasso comercial devido à abordagem de temas mais sérios, diluindo toda a vertente humorística da banda, situação rectificada, no ano seguinte, com o álbum "Whammy!" e o single "Legal Tender". Depois de um LP a solo de Schneider, "Fred Schneider & the Shake Society" (1984), a banda voltou ao estúdio para gravar "Bouncing Off the Satellites"(1986) . No dia 12 de Outubro de 1985, ocorre uma tragédia no grupo com a morte de Ricky Wilson, o principal compositor e autor das letras. Embora originalmente a sua morte fosse atribuída a causas naturais, foi depois revelado que ele tinha sido vitíma de SIDA. Com a sua morte, foi impossível promover o novo álbum e foi quase o final da banda.
Em 1989 e passados três anos, os B-52´s ressuscitam com o seu maior sucesso comercial até hoje, este "Cosmic Thing" produzido pela dupla Don Was e pelo ex-Chic e parceiro de David Bowie, Nile Rodgers. Com dois novos sucessos "Roam" e "Love Shack" e uma venda de mais de cinco milhões de cópias deste disco, eles voltaram a ser o foco das atenções, e aparentemente a alegria tinha voltado à banda, refeita da perda do ex-líder.
Cindy Wilson abandona a banda alegando exaustão física e emocional e queria também aproveitar o tempo para se dedicar à filha recém nascida. Com a saída de Cindy começou um outro período de hibernação que Kate Pierson aproveita para participar noutros projectos. Em 1990 participa no "Brick by Brick" de Iggy Pop e com ele faz um dueto inesquecível chamado "Candy", no ano seguinte faz o mesmo com os seus colegas de Athens, R.E.M e empresta a voz, carisma e alegria ao tema "Shiny Happy People", um dos dois sucessos do álbum "Out of Time".
Em 1992, o trio (Fred, Keith e Kate) lança "Good Stuff". Neste disco a banda mudou um pouco o conteúdo das letras e começa a abordar temas como a SIDA, meio ambiente e a defesa dos direitos dos animais. Era a primeira vez que os B-52’s levantavam de forma explicita bandeiras políticas. O regresso aos Tops chegou com a versão para a canção tema do filme "Os Flinstones", em 1993. Com o regresso de Cindy, em 1998 editam a colectânea "Time Capsule" que incluía 2 músicas inéditas. O ano de 2008 marca o reencontro com os B-52´s que pela editora Astralwerks e a produção de Steve Osborne lançaram "Funplex", um novo álbum passados 16 anos.
The Lightning Seeds foi essencialmente o projecto a solo do notável produtor Ian Broudie, que nasceu a 4 de Agosto de 1958 em Liverpol, Inglaterra. A carreira de Broudie começa com os Big in Japan, uma importante banda de Liverpol que deu origem aos Echo & the Bunnymen, The Teardrop Explodes e Icicle Works. Depois do final dos Big in Japan em 1979, Broudie formou os Original Mirrors com o conhecido Holly Johnson (Frankie Goes to Hollywood), que, depois de 2 albuns editados, não tiveram qualquer tipo de sucesso comercial. Em 1981 Broundie torna-se produtor dos primeiros trabalhos dos Echo & the Bunnymen ("Crocodiles" e "Heaven Up Here") e dos The Fall ("Wah!" e "Frazier Chorus"). Em 1982, com Paul Simpson, forma os Care e lançam uma série de singles brilhantes, que vão abrindo caminho para o seu projecto a solo iniciado em 1989 com um sucesso internacional, o single "Pure".
No mesmo ano é lançado o seu primeiro LP, este bem sucedido "Cloudcuckooland". Entretanto, apesar do êxito deste trabalho, Broudie voltou novamente à produção de álbuns de bandas como os Primitives, Sleeper, Alison Moyet e The Frank & Walters. Em 1992, Broudie regressa com "Sense" e partilha este trabalho com Simon Rogers (The Fall). Em 1994 lança "Jollification" e cria uma banda para o acompanhar numa digressão. Dois anos depois edita "Dizzy Heights" e em 1999 o seu último registo "Tilt".
Para aqueles que não conhecem a música de Bill Pritchard, ela é proeminentemente baseada num piano e guitarra acústica. O seu trabalho variou ao longo do tempo e foi-se movendo gradualmente em direção a um som mais Pop. A sua voz seca e a narração de histórias introspectivas contribuiram para lhe serem feitas comparações a Morrissey, Lloyd Cole e Robert Forster. Embora ele tivesse nascido em Lichfield, Inglaterra, Bill Pritchard é bem mais conhecido fora da sua pátria, onde foi acumulando uma legião de fãs em países como o Japão, Itália, Holanda, Bélgica e França.
Os dois primeiros trabalhos de Pritchard, "Bill Pritchard" e "Half a Million" provocaram o interesse da editora Play It Again Sam (Pias) que em 1989 lançou o seu terceiro álbum, este "Three Months, Three Weeks & Two Days", que foi um fracasso em Inglaterra, mas vendeu bem noutros países europeus. Foi produzido pelo francês Etienne Daho e tornou-se no álbum que cimentou a sua popularidade europeia, ao ponto do cantor/autor de canções britânico se ter mudado para Paris. Este álbum é uma jóia subestimada, sendo basicamente acústico e constituído por canções Pop com versos líricos encantadores, bonitas melodias, e coros memoráveis. O álbum teve também grande destaque nas rádios universitárias americanas e o vídeo do single "Tommy and Co", que conta com a participação de Françoise Hardy, nos coros, foi até apresentado no programa 120 Minutos da MTV.
Em 1991, Ian Broudie dos Lightening Seeds produziu "Jolie" o quarto álbum de Pritchard, que foi um fenómeno de popularidade no Japão e no Canadá, atraindo as atenções da editora Polygram/Island com quem assina contrato. Contudo, os problemas com a etiqueta acabaram praticamente com a sua carreira. Em 1995, Bill Pritchard formou os Beatitude com o guitarista Tim Bradshaw, o baixista Tuppy Rutter, e o baterista Paul Barlow e gravaram um single, "Baby in Brylcreem". Em 1998 lançou "Happiness and Other Crimes" e desapareceu completamente o que me leva a perguntar, Alguém viu Bill Pritchard?
David McComb foi o vocalista e líder dos australianos Triffids. Cantava com um fervor idêntico ao seu amigo e compatriota Nick Cave e escrevia letras com a mesma poesia utilizada por Leonard Cohen, mas nenhuma destas qualidades o recompensou com qualquer tipo de êxito comercial. Nasceu no dia 17 de Fevereiro de 1962, em Perth, Austrália, filho de um cirurgião plástico e de uma geneticista. A sua carreira começa, em 1976, com a banda Dalsy que passado algum tempo mudaria o nome para The Triffids. Em 1980, foi lançado o primeiro single dos Triffids, "Stand Up". No ano seguinte rumam a Sidney, Austrália, para lançarem, em 1983, o seu álbum de estreia "Treeless Plain". McComb editou mais cinco LPs com os Triffids, sendo cada um deles aclamado pela crítica musical mas nenhum deles os conduziu ao estrelato, razão que os levariam a terminar este projecto em 1989. David McComb prossegue a sua carreira com os Blackeyed Susans. Em 1991 participa no tributo a Leonard Cohen, "I´m Your Fan" onde explora o tema "Don't Go Home With Your Hard-on" de forma brilhante. Em 1994 é lançado o seu primeiro trabalho a solo "Love Of Will". Numa viagem a Nova York, McComb fica gravemente doente, facto que o faz regressar rapidamente à Austrália onde foi posteriormente colocado numa lista de espera de transplantes de coração. Um doador foi descoberto em 1995 e McComb fez o transplante com grande sucesso. No dia 30 de Janeiro de 1999, depois de um acidente de automóvel, David McComb foi hospitalizado onde viria a falecer, dia 2 de Fevereiro de 1999. Para o recordar escolhi o tema "Bury me deep in love" que ouvi vezes sem conta no "Som da Frente" do António Sérgio.
Discos Twenty Years - The Triffids "The Black Swan"
O trio australiano Triffids foi formado em Perth, em 1980, por David McComb (voz), pelo seu irmão Robert (guitarra e violino) e por Alsy MacDonald (bateria). Durante os seus primeiros anos, vários membros passaram pela formação dos Triffids. Depois da entrada de Martyn Casey (baixo) e Jill Birt (teclas, voz), a banda editou o seu primeiro álbum, em 1983, "Treeless Plain" seguido, um ano depois, pelo EP "Raining Pleasure". Com o guitarrista Evil Graham Lee gravam, em 1986, "Born Sandy Devotional" e "In the Pines". Em 1987 a banda assina contrato com a Island Records e edita a sua obra-prima "Calenture", já com Adam Peters, o novo guitarista. Em 1989 é editado este "The Black Swan" que, antes de mais nada, oferece um vislumbre fascinante das várias direcções que os Triffids poderiam ter tomado. Neste álbum a banda troca as grandes orquestrações utilizadas no "Calenture" por um som mais directo, mais afiado, fazendo um maior uso da tecnologia digital do final dos anos 80. Infelizmente, as expectativas comerciais do produtor Stephen Street , não foram cumpridas e perante este cenário a banda termina sendo ainda lançado o álbum ao vivo "Stockholm" no ano seguinte.
Sobre os Triffids tenho uma história para contar pois foi graças a eles que fui oficialmente roubado pela primeira vez. Estavamos no ano de 1987 e depois do mítico festival de Vilar de Mouros de 1982, que juntou em palco nomes importantes como Echo & the Bunnymen, The Stranglers, The Gist e os U2, Portugal ia ter um festival de música com a duração de 3 dias. O nome do festival era "Artlantico" e o local escolhido era a Costa da Caparica. A organização agradecia aos espectadores que dançassem nas dunas toda a noite. Já não me recordo dos nomes de todas as bandas que iriam fazer parte do cartaz deste festival, mas sei o nome das três bandas que me levaram a investir todas as minhas míseras poupanças neste evento. Eram elas Billy Brag, Pogues e os Triffids.
A compra antecipada dos bilhetes para três dias custou-me 2.950$oo. Em finais de Agosto eu, o Rui Jorge e o Fernando Paulo colocamos a mochila às costas e lá fomos para a Costa. Quando lá chegamos soubemos que a organização tinha transferido o local para os jardins em frente à Torre de Belém. Chegados a Belém reparamos que existia uma grande azáfama no sentido de desmontar o palco e os gradeamentos que limitavam o espaço do festival e depressa a palavra ia-se espalhando, o festival tinha sido cancelado porque a organização tinha fugido com o dinheiro. Nunca mais soube nada sobre este assunto, nem o nome dos responsáveis que ficaram com os meus três contos. Os Triffids que iam tocar no primeiro dia, já estavam em Lisboa e como não lhes foi feito qualquer pagamento, diz a história que foi publicada no "Blitz", que eles tiveram que fugir pelas trazeiras do Hotel onde estavam instalados e parece que acabaram por fazer um concerto no "Rock Rendez Vous" para conseguir dinheiro para pagar as viagens de regresso a casa. A desilusão foi transformada em três dias de praia e aventuras bem dispostas. Presenciar um festival teve uma espera de quase 10 anos com o Vilar de Mouros 1996.