terça-feira, 14 de outubro de 2008

Discos Twenty Years - Happy Mondays "Bummed"



A par dos Stone Roses, os Happy Mondays foram uma das bandas de referência da cena de Manchester, e do chamado movimento Madchester, nascido em finais de 80 e princípios de 90. No entanto, se por um lado os Stone Roses centravam-se essencialmente na pop dos anos 60, os Happy Mondays, mergulharam em profundidade no movimento da música de dança, e nele beberam a esmagadora maioria das suas influências.
Liderados pelo vocalista Shaun Ryder, os Happy Mondays formaram-se em 1985, e vieram, de certa forma, mostrar à luz do dia o lado negativo das raves e da cultura da música de dança, que passou então a estar associada às drogas e à violência. Apoiados em letras surrealistas e em sonoridades agressivas, os Happy Mondays foram pioneiros na introdução de ritmos próprios do hip hop, na sua música, do mesmo modo que começaram a adaptar melodias e versos de outras canções às suas, quebrando quaisquer tipo de barreiras musicais que pudessem existir na altura. Todo o ecletismo e diversidade que caracterizavam a música dos Happy Mondays, deixaram marcas para a posteridade vincadas em bandas influentes da actualidade, tais como os Chemical Brothers, no que toca à música de dança, e os Oasis, na área do rock.
O álbum de estreia da banda foi editado em 1987. Intitulado "Squirrel & G Man Twenty-Four Hour Party People Plastic Face Carnt Smile", foi produzido por John Cale e consistiu apenas numa pequena introdução ao ecletismo que viria a tornar-se na imagem de marca da banda.
Foi com este "Bummed", o segundo trabalho da banda, editado em 1988, que os Happy Mondays foram projectados para a ribalta, primeiro em casa, depois no mercado além- fronteiras, tendo as fortes perspectivas sobre o futuro da banda sido confirmadas com a edição do álbum "Pills ´n´ Thrills & Bellyaches". O registo foi considerado uma espécie de "caleidoscópio neo-psicadélico de alucinogénios", que se tornou na obra-prima da banda, proporcionando aos músicos a vivência do auge da popularidade da sua carreira.

Discos Twenty Years - The Stone Roses "Elephant Stone"



Os Stone Roses apareceram na metade da década de 80 em Manchester. Os Joy Division já não existiam mais, mas os New Order, os Smiths, The Fall, e a Hacienda (club mítico de Tony Wilson) continuavam a segurar o "bastão" e a atenção do mundo continuava voltada para a cidade inglesa, que era vista como o grande centro musical da época.
O que veio depois, liderado pelos Happy Mondays e pelos Stone Roses, ficou conhecido como Madchester e, para muitos, marcou o início da cultura rave. Enquanto os Happy Mondays foram aos poucos esquecidos, os Stone Roses resistiram e hoje é considerado um nome fundamental da história do rock, tendo extrapolado os limites da Madchester do fim dos anos 80.
Os Stone Roses nasceram em 1985, das cinzas dos The English Rose, e foram formados pelos colegas de escola John Squire (guitarrista) e Ian Brown (vocalista). 1987 é o ano dos primeiros lançamentos discográficos pela Thin Line Records que foram os singles "So Young" e "Sally Cinnamon".

Em 1988, já com Reni na bateria e Mani no baixo, os Stone Roses assinaram com a recém-criada editora Silvertone Records e lançam este maxi-single, chamado "Elephant Stone", que foi produzido por Peter Hook (New Order) e que começa a mostrar o gosto da banda em cruzar os ritmos de dança e as melodias luminosas.
A reputação da banda estava bem estabelecida e os concertos lotados em Londres eram rotina. Para consolidar de vez, saiu o primeiro LP da banda, o histórico álbum homónimo que foi imediatamente aclamado pelo público e pela crítica. Os singles do álbum "Stone Roses" estavam em todos os Tops e o mundo inteiro rendeu-se a esta banda.


Os Stone Roses tocaram em Portugal no dia 11 de Agosto de 1996, no histórico relançamento do Festival Vilar de Mouros, onde apresentaram um espectáculo tecnicamente medíocre, tornando quase irreconhecíveis alguns dos temas que os fizeram famosos. Foram decepcionantes. O que valeu nessa noite foi a prestação dos suiços Young Gods.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Top Ten 1988: Morrissey "Viva Hate"


Steven Patrick Morrissey nasceu no dia 22 de Maio em Manchester, Inglaterra. Na adolescência era tímido e desajeitado, ganhou uma obsessão por filmes e música e dedicou os seus talentos de escrita a um fanzine dedicado aos New York Dolls, banda nova-iorquina de quem também era o presidente do clube de fãs britânico. Fez também uma homenagem a James Dean e escrevia, com frequência, cartas para a revista semanal de música Melody Maker. Durante a explosão punk dos anos 70 tentou, sem resultado, entrar em bandas. Em 1982, conheceu o guitarrista Johnny Marr e os dois começaram a compôr juntos, formando uma das parcerias mais produtivas da pop britânica de sempre, os The Smiths.
O single de estréia "Hand in glove", é uma canção cheia de referências ao homossexualismo, que fez deles uma sensação no underground britânico. Quanto mais atenção atraía, mais Morrissey mostrava saber manipular a imprensa. Suas entrevistas tinham sempre opiniões bombásticas, que na sua maior parte eram concebidas para chocar o público bem como as suas performances, com flores nos bolsos de trás e um aparelho de surdez. Também o seu declarado celibato, provocava um debate intenso, sobre a banda e sobre a sexualidade do cantor.
Dotado de um cinismo profundo como letrista, ele muitas vezes era mal interpretado porque as pessoas achavam que ele defendia os absurdos de que falava e o furor em torno da banda só crescia. O disco homónimo de estréia dos The Smiths, de 1984, foi um sucesso arrasador. Morrissey aproveitou e começou a divulgar as suas opiniões políticas, criticando duramente a primeira-ministra britânica, Margareth Thatcher, além de pregar o vegetarianismo, facto que contribuiu para o baptismo do segundo disco, "Meat is murder"(1985). "The queen is dead", de 1986, foi considerado uma obra-prima, mas Morrissey e Marr já não se entendiam. O guitarrista deixou a banda depois do lançamento de "Strangeways, here we come"(1987) e logo depois Morrissey acaba com os The Smiths e começa uma carreira a solo.
Sentindo-se traído pela deserção de Marr, Morrissey começa a compôr com o produtor Stephen Street e o guitarrista Vini Reilly (Durutti Column). Em 1988 depois de conseguir bons resultados com os hit-singles "Suedehead" e "Everyday is like sunday" lança este seu primeiro álbum a solo "Viva hate", cujo título é uma referência ao colapso dos Smiths, que foi um sucesso comercial bem aceite pela crítica. O som deste álbum não é muito diferente do último trabalho dos The Smiths, a principal diferença reside na presença de sintetizadores, facto que não deixa de ser irônico, considerando a oposição dura dos Smiths aos teclados.

Morrissey demorou tempo demais na preparação do segundo álbum "Kill uncle". Quando o álbum saiu, em 1991, a nova cena de Manchester (Stone Roses, Charlatans, Happy Mondays) já tinha tomado conta das rádios e Morrissey passou a ser uma antiguidade. Depois da edição de vários álbuns e de ter sido ignorado durante anos, Morrisey cumpre 7 anos sem gravar e regressa em 2004 para apresentar o sétimo trabalho de originais da sua carreira "You are the quarry", um disco, afiado como sempre, que o levou de volta ao posto de lenda viva do rock.
Morrisey veio a Portugal pela primeira vez no dia 29 e 30 de Outubro de 1999 para dois concertos nos Coliseus do Porto e Lisboa, respectivamente e regressa a 27 de Junho de 2007 ao Festival de Paredes de Coura.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sugarcubes - "Deus"

Discos Twenty Years - Sugarcubes "Life´s Too Good"



Formados em 1986 na Islândia, os Sugarcubes não revelaram apenas a cantora Björk, como também lançaram um dos melhores discos pop dos anos 80, o aclamado álbum de estréia, "Life's Too Good", de 1988, que não faz parte da minha lista Top Ten mas ganha o "prémio" de banda revelação.

Reza a lenda que a banda nasceu no dia 8 de junho de 1986, quando nasceu o primeiro filho de Björk e dela fizeram parte Einar Benediktsson(voz,trompete), Sigtryggur Baldursson (bateria), Einar Mellax (teclados), o marido de Björk, Thor Eldon (guitarra) e Bragi Olafesson (baixo).

No final de 1987, a banda que já era assediada por várias editoras inglesas, acaba por assinar com a pequena One Little Indian, no Reino Unido e com a Elektra, na América. Em outubro de 1987, lançam o maxi-single Birthday, que fez um enorme sucesso e catapultou as vendas do álbum "Life's Too Good", lançado em abril do ano seguinte. "Birthday", com o seu andamento estranho, uma letra esquisita e com a voz singular de Björk em primeiro plano, subiu aos primeiros lugares do top inglês. A música foi eleita o single da semana pelo famoso semanário New Musical Express. Com todo este sucesso, Bjork recebe elogios, louvores e toda a atenção contribuindo para o ínicio de uma tensão entre ela e Einar Benediktsson e também entre ela e o marido.

Em 1989, no meio das gravações do segundo disco, Thor divorcia-se de Björk para casar com Magga Ornolfsdottir, que seria a nova teclista da banda, depois de Einar Mellax a abandonar. Para além disto, Olafesson divorcia-se também da sua mulher para casar com Einar Benediktsson, tornando-se na primeira união gay oficial do mundo pop. Foi assim, neste clima, que a banda lançou o disco "Here Today, Tomorrow Next Week!", bem menos inspirado do que o disco anterior. Em 1992 seguiu-se "Stick Around for Joy", que voltou a não repetir o entusiasmo e a boa inspiração de "Life's Too Good". A banda terminou logo depois e é Björk que ganha com tudo isto conseguindo uma brilhante carreira a solo.

Artigos relacionados: A banda revelação 1988

Hugo Largo - "Scream Tall" (Live 1988)

Discos Twenty Years - Hugo Largo "Drum"



Em resposta à onda de guitarras dissonantes que estavam na moda em todas as partes da cena músical da cidade de Nova York, o crítico de música Tim Sommer e a artista Mimi Goese formaram a banda Hugo Largo em 1984.

Mais tarde, Hahn Rowe e Adam Peacock juntam-se à banda e o quarteto começa a chamar a atenção devido à sua estranha formação que abdica das guitarras e bateria e usa dois baixos , um violino, e é liderado pela poderosa voz de Goese.

Em 1988, Michael Stipe dos R.E.M produziu este disco de estreia dos Hugo Largo, o EP "Drum", que foi reeditado pela editora Opal de Brian Eno, um ano depois. Este EP que mais parece um LP é uma mistura misteriosa da acústica ambiente com uma sensibilidade de arte nova-iorquina. Todas as músicas destacam a voz de Mimi Goese, que tão depressa é etérea como logo mergulha numa cova escura cercada por dentes cerrados.

Depois do menos experimental "Mettle", editado em 1989, a banda termina. Sommer tornou-se num executivo da Atlantic Records e o planeado disco de estreia a solo de Mimi Goese, foi gravado com a ajuda de Rowe e lançado apenas em 1997.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Discos Twenty Years - The Feelies "Only Life"


Formados em 1976 em New Jersey, os americanos The Feelies são obra dos compositores, guitarristas e vocalistas, Bill Million e Glenn Mercer. Com uma formação típica de banda de garagem, 2 guitarras, baixo e bateria, desde muito cedo começaram a fazer furor no circuito alternativo da cidade de Nova Yorque, sendo considerados a melhor banda underground pelo Village Voice, semanário mundialmente reconhecido sendo ainda hoje uma informação de referência para quem visita a big apple.
Em 1978, com Keith Clayton no baixo e Anton Fier (The Lounge Lizards;The Golden Palominos) na bateria gravam o primeiro single "Fa Ce-La" pela editora britânica Rough Trade. Em 1980 gravam "Crazy Rhythms", que foi talvez o álbum mais aclamado e referência escolhida por bandas como os R.E.M., mas um verdadeiro fracasso comercial que obrigou Million e Mercer a trabalhar em outros projectos paralelos.
Em 1983 voltam a reunir-se com David Weckerman (baterista da formação inicial) e convidam o percussionista Stanley Demeski e a baixista Brenda Sauter que após alguns concertos esporádicos entram em estúdio para gravar o folky "The Good Heart"(1986) que foi produzido por Peter Buck dos R.E.M.. O louvor crítico concedido a este álbum combinado com a visibilidade que agora lhes era prestada pelos meios de comunicação social, chamou a atenção da editora A&M, que em 1988 fez acontecer este "Only Life".
Com este terceiro álbum e o novo contracto assinado com a A&M, os The Feelies ganham toda a atenção e infinitas comparações a Lou Reed devido à cover de "what goes on", a última faixa do álbum, que eles simplesmente evitaram clonar o arranjo original. O resto do álbum exibe um som distinto, flexível e calmamente emocionante que tanto apresenta guitarras estridentes como baixos e tambores constantes que dão aos guitarristas algo para brincar em vez de dominar. "higher ground", "the undertow" e "away" são 3 exemplos.
Em 1991 seguiu-se o álbum "Time for a Witness" e o último concerto ao vivo no dia 5 de Julho com o consequente final da banda. Segundo o YouTube os Feelies voltaram a reunir-se este ano e têm feito alguns concertos em Nova York.